26 de março de 2011

Anǐma

No palco de nossas estréias, somos convidados a interpretar tudo aquilo que está em nós, sem reserva e limites. A platéia de nossos atos perpassa a condição física e age dentro do que temos de mais emotivo e imaterial. Somos seres dotados de erros e acertos e por conta disso, tudo que produzimos são peripécias da alma. Vejamos e entendamos que estamos ligados por um fio ser homem e ter uma alma ou ter um corpo e ser alma. Nascemos a partir da concepção de homem e com o tempo podemos brindar a já existente capacidade de anǐma que possuímos. É como juntar o elemento principal da obra ao que estamos realizando. Compreender é matéria difícil, mas motivadora para aqueles que desafiam as incoerências até aqui propostas. De nada adianta ensaios catequéticos que não nos levem a questionar e investigar o que pressupõe ser aquilo que move dentro de mim. Pois é. Alma, é a conjectura que desde sempre esteve ali. Fora investigada por muitos, mas poucas foram as respostas convincentes e determinantes para os questionamentos que devemos trazer dentro de nós. Além disso tudo, nenhum tratado filosófico também nos trouxe a luz respostas satisfatórias. Pois bem, penso que isso é matéria a ser estudada e refletida por cada ser vivente que em sua capacidade de ser gente, deva fazer como lição de casa a analise e reflexão a cerca disso. Não nos adianta somente nos alimentarmos por teorias prontas se na prática ainda não nos servem de nada. "Deus soprou no rosto do homem um sopro de vida...¹". Aos céticos isso não passa de balela e não tenho pretensão de falar-vos a não ser questionar. Não como um principio ativo, mas como questionador de tudo que há em movimento, pois se não consigo tocar em algo ou nem mesmo ver, é de se perguntar e trazer à tona, algumas teorias que nos corrompam a prática: existem coisas que os olhos humanos não enxergam a luz da cerne da carne, mas sente, experimenta através de uma psique pouco trabalhada e nesse caso já está valendo.
Corpo é aquilo que movimentamos e a alma é o corpo que movimenta o próprio corpo. Assume, portanto, a condição de pessoa na sutileza de mantermos no equilíbrio. Não se separa e nem se divide. É algo pessoal que trás a luz para o intelecto a capacidade ímpar de se tornar plural. São coisas que estão além do bem e do mal e por esse motivo deve ser analisada com carinho e objetivação. A investigação é a melhor maneira de se compreender um pouco mais daquilo que pouco sabemos por nós mesmo. Nos deram o caminho, mas só nós podemos trilhar por ele nós mesmos e sozinhos. Não temos a companhia de nenhum grande sábio, pois é difícil identificar eles diante do caos que se originou tudo e todo. Portanto, caminhemos guiados pela vontade de superação e motivados pela desordem que deve ser organizada. O comprometer-se com a busca de verdades, não as absolutas, mas verdades que convençam primeiramente a nós mesmos e que podem ser decisivas para o caminhar de nossa humanidade. Tudo aquilo que anima, da vida, deve ser analisada e se assim achar necessário objetivar em atos e ações as concepções que cada um tome para si mesmo. "Sors tua mortalis, non est mortale quod optas.²".

¹ Livro bíblico do Gênesis
² Trad. Voltaire: "Teu destino é mortal, mas não é mortal o que desejas." - Verso do livro Metamorphoses de Ovidius Naso

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