11 de março de 2011

Silencie...

O silêncio é a maior expressão a que o homem in natura foi dotado. Pessoas inteligentes pensam, silenciam, analisam e por fim torna público suas insanidades mentais. Pois é. Penso que pensar é motivo de hospício, mas quem se priva desse verbo, merece a guilhotina. Precisamos por para fora todo um emaranhado de situações baseadas no processo doloroso e lento de um silêncio de verdade e tornar assim, a terra da nossa psíque fértil.
Existem pessoas que se calam e isso é tudo e simplesmente. Não são capazes de fazer silêncio e agem a partir da indiferença. Não tem e não conseguem firmar respostas, mantém o barulho interior e nada solidifica.
Um exemplo que gosto muito são o das cigarras. Para elas cantarem por um dia apenas, ela passa mais de um ano debaixo da terra se preparando e em silencio. E ainda somos capazes de julga-las a partir do som que emitem, porém elas, aprenderam a costurar na solidão, o rito único de uma vida bela.
Verdade seja dita: silêncio dói, dá trabalho e é desconfortante. Mas essa mesma ausência de som tem poder de vida e somente diante desse nobre e singelo momento, conseguimos dar passos a frente e firmes. Nos construímos a beira de um precipício e lá, só se ouve o eco do som que produzimos, o resto é tudo paradoxalmente morto. Quem se cala, guarda coisas e não passa pelo processo de desprendimento. O deserto está cheio de coisas viciosas e assim não nos servem de nada. Precisamos aprender que o processo de lapidação dá o brilho ao fusco a nossa subjetividade.
O que nos importa é saber falar e mais que isso, guardar o silêncio que há em nós como matéria prima a ser sacralizada e sempre visitada. Proponho o escândalo, o choro, a gargalhada, o berro... Por fim, no momento que notarmos uma falta de nossas singularidades, que possamos abrir a caixa de nossa ilusória leveza desumana e silenciar. Guardemo-nos o momento exato e enrolemos a toalha branca de cima de nossos altares. É tempo de luto e morte. A semente passa por esse processo; de morte para vida. Recordo: não se dá aquilo que não se tem. Só a luz do deserto nos mostrará o que até um exato momentos produzimos. Calar é para os mortos. Silenciar é para que deseja caminhar.

"As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível que seu canto: seu silêncio." Franz Kafka

2 comentários:

Gregory Vancher disse...

Ótima reflexão.
O interessante é o paradoxo que é formado entre os similares. Enquanto o ato de calar-se é deixar morrer seus pensamentos, o silêncio ( que, observados de fora, são a mesma coisa) se assemelha mais como uma gestação de idéias, fertilizando todas as informações externas e as amadurecendo até o ponto certo de deixar o produto final e amadurecido sair.

Anonymous disse...

Sem palavras p/o seu texto,adorei os outros posts tbm!

Estou ajudando uma amiga na divulgação do blog, se puder comentar e ajudar...Abraço
http://gihcamp.blogspot.com/