4 de junho de 2011

Sai – Cante e viva

Tenho reparado a platéia com medinho. Medo de sair e gritar pro mundo sua vida. Gente com receio de ser vaiado. Uma galera entorpecida pelo cheiro da naftalina. Ninguém sai. Estão todos parados. Acomodaram-se em algum sofá ou permaneceram deitados sobre os ácaros. Gente que fede uma burguesia utópica. Claro, para também ser burguês é necessária a ação.
Sinto que as coisas estão estáticas e monótonas, hey Jow: bota a cara no mundo e grite a todos os seus desprazeres. Faça a anarquia das suas velhas ideologias estamparem as capas dos jornais, revistas e livros de auto-ajuda. Só assim vamos cooperar para um mundo mais humano, pois até agora tudo foi só teoria.
Bote nas práticas instantâneas suas revoltas. Não pare diante da televisão e conforme-se com a notícia que está sendo dada. É hora de virar o jogo ou continuaremos sendo marionetes. E a culpa não é de quem achamos que seja. É nossa. Pessoal e intransferível. É só observarmos no que nos tornamos e no pouco que nos superamos.
Isso não se trata de um tratado socialista, menos ainda a bula de uma sociedade transviada. É apenas um carinha louco, que assumiu diante da lente da vida, o seu papel de protagonista. E quero o mesmo com todos os seres viventes e eloqüentes. É chato estar em cima do palco sozinho. Preciso de um par romântico e um vilão. Pessoas que cresçam e nos façam crescer. Ser figurante na vida real é para os fracos. Precisamos correr atrás do papel principal e se dedicar a ele, para mostrar para que viemos e para onde vamos.

Chega de engolir sapos, e um basta para quando não atentamos os nossos ouvidos para quem diz as verdades; as suas verdades. Preferimos nos trancafiar num quarto escuro e se render ao prazer solitário. Solidão faz bem, mas nem todo mundo de fato vive esse momento de forma certa. Estamos fugindo das coisas e isso só mostra o cara fraco e babaca que nos tornamos a cada dia.

Um passo de cada vez, mas passos firmes no cimento da calçada que anda pisando. Não atravesse por conta da boa educação. Está na hora de sermos quem realmente planejamos ser. Sair por aí cantando o Blues nosso de cada dia e fazendo o bom e velho Rock-and-Roll ressoar em todos os becos escuros. Os caras paz-e-amor que nos acompanhem. Pode descer o morro o Samba, o Rap e o Funk... Todos são bem vindos. A união faz a força. E a força quem deve fazer é cada homem.

Portanto, vamos bagunçar os papéis postos em cima da mesa e rabiscar os contratos de idiotas que assinamos. É o tempo cobrando de nós, nossa atitude de transparecer a vida que temos. Já dizia o poeta: “Morrer não dói”, e isso soa como um sino que nos empurra dos nossos conformismos e assumirmos os riscos. Tem gente que morre e só acontece isso para que viveu. Para aqueles que viveram da aniquilação de si próprio, sobra apenas um sumiço, não fez sentido para nada e nem para si próprio. Rejeito a hipótese do homem santo nessa terra. Aqui, é para os pecados que nascemos, vivemos e morreremos.

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