6 de novembro de 2011

Corpos despencam

Hoje eu abusaria do seu corpo, como antigamente e sem esperar como sempre, que desse algum sinal de vida nos dias, semanas e meses seguintes. Viu só? Aprendi a me desapegar do seu sexo, posto sempre em fatias sobre minha cama. Estou um pouco menos sedento por um amor que seja eterno e a culpa é sempre nossa. Obviamente que é sua e minha. Minha por um dia ter me dado fácil e sua por me fazer sentir uma puta toda vez que acordava e só o que eu sentia em meu lençol, era aquele seu gozo sem vergonha e canalha. Sempre sentia o seu cheiro, mas agora só uma vontade repentina de dar e passar, seguir no dia seguinte e me despedir dormindo. Agora estou assim, meio monja aos meus sentimentos ou a falta deles e completamente sádico as suas vontades. Pode vir. Eu hoje aprendo a deixar me beijar, sou o que o mundo diria de vadia moderna, sirigaita do porvir... Vem e me beija, não guardarei o gosto de sua saliva mais. Permito que toque meu corpo, goze e faça todo seu carnaval, sem depois pedir que arrume.

É verdade menino. De você quero apenas as loucuras de uma noite inteira, completa e sem sono. Dou-te alvará na manhã seguinte para desfrutar de seus medos. A noite é boa e apenas isso basta. Não preciso mais de nada depois do abraço dado e do beijo recebido. Depois, eu só quero a liberdade para poder utilizar de mim com outros, outras e com todos aqueles que não têm medo de brincar desse jeito. Quero apenas o perigo da madrugada e nada mais ao acordar.

Pode ser que eu venha a me arranhar daqui a um tempo. Tudo bem. Estou todo riscado de uma arte pornográfica. Deixei de lado o meu lado meigo para hoje poder ser assim, um rebelde sem causa, um desavergonhado complacente. Aprendi a superar a dor com alguma bebida, com algum tipo de droga, com outros corpos em meu colchão já afundado pelos diferentes pesos, sexos e etnias. De fato, meu quarto se tornou hospedaria de gente sem escrúpulo e isso é legal, é moderno demais para aquelas que ainda estão presos em moralismos. Eu despenco, mas me encontro em braços fortes de um estranho passante. Eu deito e rolo numa lama espessa e grossa, branca. Embebedo meus poros com gozos de gente diferente a todo tempo.

Vou me alimentando de uma mesmice sexual e tudo se difere com aquele que me oferece a falta de ar, o corpo sem chão, a cabeça pensando loucuras. Sou assim, meio rebelde quanto ao que diz respeito a minha própria vida sexual. Eu poderia ser aquela moça com cara de virgem, mas assumi minha máscara de gente sexual e faminta por corpos. Não faço o tipo moço para casar. Não quero. Não desejo. Não posso. Sou do mundo e a culpa é toda sua que me mastigou um dia e fez-me perder o sonho de uma vida a dois. Agora sou de três, quatro, dez... Sou do mundo, é só chegar e se quiser pedir licença, tudo bem, senão, é só entrar e fazer o que tem que ser feito.

Reticências, assim é minha vida particular. Sempre pronto para um novo começo. Na manhã seguinte, levanto, lavo o rosto sou aquele ser humano normal de terno e gravata defendendo as causas alheias. Espero que a noite chegue e junto com ela, um possível par de colhão ou uma devassa para brindar mais um fim, outra noite. Corpos estendidos e despencam. Um brinde.

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