3 de novembro de 2011

As coisas

Falsa imagem

“Acontece que daí, a gente percebe que tudo foi em vão. Que o cara dos nossos sonhos pode até existir, mas que ele não cabe nos nossos sonhos. Remoemos por dentro todo apreço e toda a nossa babaquice de requinte francês para o amour. Corre atrás, queima a cara e vê que isso só serviu de atestar nossa profunda imbecilidade. Observa que ele é de outro ou outra e de todo mundo e que não é seu e não cabe dentro do seu coração. Chora, sofre e acha que vai morrer. Não morre, vira a esquina e percebe que a vida continua. Em alguns dias você ainda lembra dele e do sonho que sonhou e nunca realizou. Do nada um alguém inferior a tudo que você um dia mentalizou, oferece para te amar, te cuidar, te gostar. O que você faz? Despreza-o. Acha que ele é feio, pequeno ou nada daquilo que você quer. Quando acorda? Quando percebe que feriu um coração e que tudo que um dia quis não virá acontecer. Babaca? Sim… Pois ainda acredita no conto de fadas que criou e morre dentro dele com a mão dentro da própria calça…”

Nem tudo são flores

“Claro que eu tinha consciência de que tudo se tornaria mais difícil com o decorrer do fato que sucedeu em um dia. Dois para ser verdade. Eu tinha certeza de que os fardos que eram meus nunca mais seriam divididos com ninguém. Sobre as nossas cruzes? Ah! Penso que carrego algumas, como a cruz da saudade. Essa que tanto tem feito o meu regresso as nostalgias de minha subversão. ainda coloquei sobre o ombro a cruz do esquecimento. Os olhos que sempre esteve olhando para cada uma de minhas misérias não olha mais. Talvez fora recolhida de tanta falta de coragem de encarar o trapo humano que me tornei ou simplesmente cansou-se dos meus corriqueiros erros. Deixou-me. Tornei-me herança de ninguém e de um destino estranho e sem nenhuma possibilidade de me tornar aquilo que meus sonhos um dia foram capazes de inventar. Que sonhos? Eram apenas coisas. Essas mesmas coisas que tenho que deixar para trás pois nunca me acometerá a louca sorte de me acontecer. Pequenas coisas que a dura realidade me fez ver que não levaria a lugar algum que não fossem as angústias; sofrimentos. Até rangeres de dentes… Por que eu desisti? Ah! não tive mais impulso, nem de alguém nem de ninguém. Nem de mim mesmo. Pode ser que tenha chegado a hora de eu enfim encarar a cruz como meu destino final. Queimar sobre ela e perceber que tudo é sempre tão igual e que nada que acontece é diferente. Outro ponto final.”

Dizer

“Eu tinha que, de uma maneira bem autêntica dizer, ou melhor, expressar para ele que talvez fosse o momento do nosso amor acontecer. Estava na hora de fazer valer toda aquela besteira clichê que a tanto tempo eu tinha alimentado: histórias de amor; músicas de amor; fotos de amor. Não era a nossa história, mas deu-me o suficiente para tomar aquela pequena dose diária de coragem que a tanto tempo andei me esquecendo debaixo do cobertor quente, junto com aquele corpo que já não amo mais tanto assim. Precisava dele, daquele outro mais perto de mim. Já tinha até imaginado os nossos próximos dias cheio de amor e encanto. Magia, aquela coisa tosca que cisma em invadir toda a nossa concepção de gente e inventar que ele é perfeito, mas ponto final: é somente isso que eu quero. Talvez a última coisa que eu peço ao meu bom Deus (nem ele mais acredita nisso). Dizer que eu estava apaixonado, foi o que logo pensei em fazer. Mas como que eu me sujeitaria a atestado de insanidade desse porte? Daí a gente lembra que paixão é isso mesmo: caos e solidão. Um tempo para mastigar o que a gente andou engolindo com o coração. Momento de ficar quietinho e não se mexer, pois senão pode virar uma bosta. Do outro lado tentar não desarrumar tudo, pois os próprios sentimentos serão como crianças reinadeiras com um fogo por debaixo das fraldas, impossíveis de controlar. Dizer, foi o que decidi. A quem? Meu peito ainda não se decidiu, talvez para aquele franzino de voz fina que vi passar um dia desses com um chapéu na cabeça ou para aquele que ainda nunca fui apresentado na vida real… Mas pode ser para você, um estranho descontente que cismou de morar perto de mim…”

6 comentários:

Blog UaiMeu! disse...

Eu acho que tudo tem seu momento certo e as certezas te fazem acreditar nisso. Vc precisa gostar de vc para que as outras pessoas gostam.

abraços
Renata

Sandro Batista disse...

Muito interessante sua postagem..Tres textos, um só sentimento. Vejo que de maneira geral, as pessoas tem o amor, a paixão, como uma fórmula matemática, cujo resultado sempre é lógico e previsível, ou a felicidade plena, ou a total desilusão e tristeza. Na verdade, creio que exista um erro conceitual nisso. Amores (sim, amores, porque não existe um amor apenas), não possuem regras. Cada qual tem seu momento, seu jeito, e seu fim (ou não). Acho que quando as perceberem que esse sentimento não é racional, e não cabe nele uma racionalidade, e sim intuição e sensibilidade, talvez percebam que o "amar" é sublime. E sofrer por amor, faz parte dessa coisa inquietante e ao mesmo tempo magnífica, afinal de contas, que graça teria não fosse assim?

Um abraço

http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/

Anônimo disse...

Bem interessante, gostei de segundo.

***
Escrevo pro: http://cafedefita.blogspot.com/
(Patrícia Araújo - Colaboradora)

Maíra Cintra disse...

Sem palavras!! Adorei!
Parabéns mesmo... continue assim!
beijos

Blog UaiMeu! disse...

Layout novo... parabéns!

Quelem Caetano disse...

Adorei, você escreve muito bem. Parabens!