25 de novembro de 2011

Hoje eu fui lá e chorei


Fazia um tempo, meses que não pisava no cemitério, nem passava na calçada, nem queria lembrar que ele existia, mas hoje fui lá, pedi licença, fiz o sinal da cruz e entrei, com aquela sensação de estar em paz, comigo e com o universo. Fui lá, e já na caminhada, fui derramando algumas lágrimas. Um choro de quem volta a morada dos mortos, ou melhor, dos corpos mortos, que estão se transformando. Fui lá, levar flor, enfeitar um pouco a lapide e certificar que o território sacro onde guarda o germe de minha existência. Flores de plástico não garantem beleza, flores de plástico dão ar fúnebre ao que é esperança. Flor de plástico machuca.

Saudade doída. Saudade de esperança. Saudade que é pessoa, que concerta, conecta, une a revelação de que devemos seguir em frente. Saudade que me faz chorar. Que me faz ver que tenho raiz e que ela dura até depois da ida. Um dia amado, é sempre amado. E isso conforta, dá ordem ao coração. Recompõe os pedaços derrotados. Disse Mia Couto que “um morto amado nunca para de morrer...”, eu digo que um que se vai amado, torna-se expressão de amor verdadeiro, ressuscita...

Lápide sem epitáfio é recôncavo de esquecimento, desconhecido, mas tudo bem, sei quem está lá e o que importa é o que sinto e o nome que dou ou tem e que de faz presente na minha vida. O que interessa é a semeadura. O que importa é a fé que me foi alimentada e trás a certeza de que é para sempre. Hoje eu fui lá e chorei. Botei em dia um pouco de toda extensão de lágrimas que tem dentro de mim. Guardei bastante para o que ainda vem. Talvez eu nem chegue a despejar tudo, mas o que for possível, eu chorarei. Sem medo e sem vergonha. Fui e chorei de saudade. Chorei pela falta que me faz, mas chorei também pela certeza que tenho uma proteção a mais, de uma prece forte, e de um abraço seguro todas as vezes que eu precisar. Hoje eu fui e chorei, sai de lá e chorei, cheguei em casa e chorei. Mais um dia daqueles que o chororô. Tenho o direito e estou fazendo das minhas lágrimas artifício de minha alma. O que me vem à cabeça e toca bem alto em minha cabeça é aquela música do Gil, chamada Drão. “Drão! O amor da gente é como um grão. Uma semente de ilusão. Tem que morrer pra germinar. Plantar nalgum lugar. Ressuscitar no chão, nossa semeadura. Quem poderá fazer aquele amor morrer? Nossa caminhadura. Dura caminhada pela estrada escura...”

É isso o que sinto ao chorar, um amor que não tem fim, não é derrotado, não é esquecido. Amor que semeia, dá flores e seus frutos. Dá força e fé. Dá coragem e animo. Dá sempre nas lembranças, um gosto que vale a pena continuar, pela esperança que carrego em um dia encontrar. Saudade de avó é coisa que exige um largo espaço no coração. Amor de avó requer de nós, apenas que sejamos a gente e não o que o mundo quer. Presença de avó, mesmo não sendo física, é certeza de que ainda estou sendo cuidado, que ainda tenho sido zelado, planejado, construído. Amor de avó é presença que se dá na saudade. Que se dá em mim! Amor de avó é ponte...

6 comentários:

Ajuda Mútua disse...

seguindo ai irmão parabens pelo blog!!!

http://ptc-granananet.blogspot.com/

Valeu Obrigado pela visita ;D

Anônimo disse...

Ah, Obrigado por ter Ido lá no meu blog,
Gostei do seu :D

Quando eu estiver com mais tempo irei, Dar outra visitada, e com certeza irei, Fazer um comentário melhor..

Lillyan Melo. disse...

Parabens pelo blog e pelas publicações! Achei muito show.
visite lá também
http://brisaquepensa.blogspot.com/
abraço :*

blog@dos humoristic disse...

Legal :)

http://blogadosaki.blogspot.com

Maíra Cintra disse...

Adorei ler este post... chorar é sempre bom, e por aqueles que se forão é sempre justo!
Parabéns

A&L MEMES disse...

Não posso dizer muita coisa do texto so falar bem do seu blog msm ta legal ele