Sei que se eu não chorar hoje, as lágrimas acumuladas me embriagarão e eu sentirei ânsia de tudo que venho guardando há dias, meses... Aquele dia que Los Hermanos bate a sua existência e grita: Hey, “quem é mais sentimental que eu?” E a resposta é você. Momento que você vai ler alguma coisa alheia e se depara com a frase da sua vida, pelo menos naquele instante. “Poderei eu fazer que nem o Camelo e dançar com a solidão? Não sei. Hoje eu acho que não sei mais de nada.”¹
Aquela vontade de chorar. Pelo que? Não sei. Só sei que queria estar com uma dose de vodca na mão e falar que choro por estar bêbado! “Hoje é um daqueles dias em que eu estou precisando da filosofia barata do Paulo Coelho.”²
‘Ensejo de pegar tudo o que eu sinto por você, por mim e por todo o resto e colocar numa caixinha. Todo amor, toda dor, toda a espera, todas as vontades e sonhos que tive. Tudo que deu e não deu certo. Guardar debaixo da cabeceira, donde os meus fracassos e medos, pesadelos e desilusões são enxurradas de minhas emoções.'³
Estou como se olhasse além dos espelhos. Sim, espelhos, plurais que já não me reconhecem, onde nem mesmo eu sei quem é. Tanto sonho perdido, lágrimas contidas, máscaras de um sujeito forte. Decidi desabar quando não podia. Percebi que era à hora de descer do salto e encenar o fim – de mais um ato!
Paradoxos consumidores de mim. Metáforas, atestado de que ainda estou em desconstrução, contínua. Momento esse, que me perco e não me acho; que tento forçar os olhos, mas não choro; tento me matar, mas não morro. Estou fraco e nem Cazuza, nem Janis, nem, como diria o meu pequeno, o caralho a quatro poderia me salvar. Daí eu fico pensado e tentando achar solução. Mas para que mesmo?
Quando na verdade, aquilo que você diz saber fazer, não passa de um amontoado de pessimismo. Quando sabe que é hora de virar o disco. Quando é o momento de sair da zona franca do comodismo e sair. Porém, outra indagação: ir pra onde?
¹ Rafael Persan
² Rafael Persan
³ Grifo meu para Jenifer Néri
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