16 de fevereiro de 2012

Mais um ponto final na história a dois

Mais um ponto final na história a dois? Sim. Relacionamentos são reticências, milhares de aspas e com poucos pontos de exclamação e se é hora de colocar os pingos nos “is”, por que não? Prolongar alguma coisa que já não é mais é besteira, desgasta, suicida ambas as partes. As pessoas precisam entender que para todo começo, resta um recomeço e depois de tanto se “discutir a relação”, resta um final.

Não sou pessimista no quesito ficar/namorar/casar, mas também não sou otimista quando o assunto é passar “muito” por cima de você mesmo para que o relacionamento fique estável. Vejo que a partir do momento que um começa a mudar por causa do outro de maneira brusca, revela que uma parte não te aceita do jeito que você é. Compreender que ao começar um relacionamento tantas outras coisas mudem é diferente de simplesmente querer que o outro se anule e viva inteiramente em sua função. Oras, não seriam as diferenças os atrativos mais ansiados por nós antes de se iniciar alguma coisa? Ou simplesmente estamos querendo alguém que se pareça conosco? Se for esse o caso, ame seu espelho.

Se é hora de terminar, sejamos francos e sinceros conosco mesmo que não somos melhor que o outro. Encerrar um namoro ou um casamento não requer que o outro não saiba o que quer da vida. Existem coisas em nossas vidas que não soa como queremos que sejam e no que diz respeito o relacionar-se com alguém não é diferente.

O pior da fase “terminar” consiste no outro não aceitar e para isso, nesse tempo de mídias sociais que tu vê seu nome desonrado em qualquer conglomerado de caracteres mundiais. Não se há respeito quando algumas coisas chegam ao seu fim, desse modo, levo-me ao questionamento: será que só merecemos algum tipo de respeito enquanto tudo está bem ou aparentemente bem? Estamos sendo enganados, pois as pessoas também estão enganadas quanto ao que sentem pelo outro. O se acostumar com as coisas é prejudicial e isso não é amor.

Para bem entender os processos dos relacionamentos humanos, penso que todos aqueles que se predispõem a amar e também que estão oscilando entre o fim de qualquer que seja o relacionamento, deveria ter em mãos o livro “Amor Líquido” de Zygmund Bauman. Compartilhar da idéia mais coerente nos traz a tona, algumas respostas e outros tantos questionamentos. “... Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer. E não se pode aprender a arte ilusória – inexistente, embora ardentemente desejada – de evitar suas garras e ficar fora de seu caminho. Chegado o momento, o amor e a morte atacarão – mas não se tem a mínima idéia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai pegar você desprevenido."

Acredito em amores duráveis, aqueles que podem nos acompanhar até a nossa morte, mas sei também que amores de uma semana também são capazes de surgir. Amores de anos e meses, tudo pode acontecer e se dissolver, portanto, somente quem um dia de fato se abriu ao amor, pode questionar o seu fim, mas, contudo, diante de grande inteligência e sabedoria. Não somos donos e nem posse, assim o outro também não é. Claro que amor coloca o outro sob custódia, mas esse mesmo amor deve entender que chegado a hora, ele deve deixar partir. Finais deveriam ser temas de recomeços e não de lástimas. Ser humano e racional, não pense que é fácil romper com o outro e menos ainda aceitável em primeira instancia. Remoer pensamentos acontecem, só saibam que tornar isso um funeral já é demais e se isso acontecer, o aconselhável é procurar uma ajuda terapêutica, pois se sozinhos não conseguimos desprender os nossos sentimentos que já se foram, alguém terá que fazer isso, mesmo que ampute de vez, qualquer capacidade de amar novamente – mas o amor sempre volta, muda de endereço, de rosto e de gosto, basta permitirmos que o outro se vá sem causar grandes prejuízos ao que se foi!

"É exatamente isso que faz o amor: destaca um outro 'de todo mundo', e por meio desse ato remodela 'um' outro transformando-o num 'alguém bem definido', dotado de uma boca que se pode ouvir e com quem é possível conversar de modo a que alguma coisa seja capaz de acontecer." – (De Amor Líquido Sobre a fragilidade dos laços humanos – Zygmunt Bauman)

Nenhum comentário: