17 de abril de 2012

Ô Vida

Hoje algumas lágrimas contidas, de meses, dias, horas. Lágrimas das situações, de mim, de nós, de todos, lágrimas, apenas elas por elas mesmas, vieram me visitar. Da saudade que rasga todo dia esse peito que sente falta de uma pessoa, de incertezas, duvidas, fracassos. Dos descasos, de descuidos, de tudo. Apenas elas por elas, lágrimas de sonhos não alcançados, de objetivos fracassados, de esquecimentos e de suborno. Do tempo que corre, das pessoas que vão, das que vem, das que organizam, desorganizam, do caos. Lágrimas de desconcertos, de notas soltas, de pinturas em preto e branco. É, hoje estou assim, como todos os dias tenho ficado assim, não sei se tem aumentado a angustia ou diminuído, o que sei é que tudo está sendo vivenciado com a mesma intensidade. Do adeus, situação que interrompeu a minha capacidade de ‘amar-enquanto-se-tem’. E enquanto nada tenho de certo, das coisas vagas, permaneço aqui, meio em pé, meio deitado, um tanto largado. Hoje estou para a saudade, para as despedidas, para as lágrimas contidas há tanto tempo. Sei que essas gotas que escorrem pelo meu rosto, são de transformação. A matéria bruta precisa ser lapidada e Oxalá escolheu essa forma de me transmutar, de me fazer sentir mais humano, mas amante das coisas boas, mais e mais. Talvez um dia elas cessem de cair, talvez esse dia esteja logo ali, mas ainda assim, que cada lágrima tenha esse poder salvífico de colocar ordem ao caos que sou e ainda tenho me refugiado. Um dia quem sabe, um dia quem sabe... E como diz Leandro Léo em seu ‘João de Barro’, “o meu desafio é andar sozinho...”.

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