5 de abril de 2012

Um dia me perguntaram: mas por que Kurt Cobain?

- “Um morto amado nunca para de morrer”, escreveu Mia Couto. Mas um morto amado nunca deixa de existir. É como a saudade que nunca deixamos de sentir. Por isso Kurt. Não sei dizer bem o motivo, mas talvez seja do fato de que ele (mesmo não sabendo da minha existência) seria uma das poucas pessoas que em vida não me julgaria e nem me condenaria. 18 anos se passaram. Quando o conheci, já era alguém que não existia mais (vivo), mas foi amor, foi tesão, foi um ódio, foi tudo aquilo que me fez sentir um misto de sensações e sentimentos, bons e ruins e por ter me feito querer abraçar e também dar uns socos que percebi que existiu alguém que em sua loucura soube experimentar bem sua vida. Pelo que foi, pelo que deixou e pela lembrança que sempre é vista e quista de uma forma peculiar aos amantes de um rock desgrenhado, meio sujo, meio vagabundo, mas que no fundo se tinha história, se tinha uma certa emoção, uma certa rebeldia - afinal de contas, quem nunca foi rebelde em sua vida, não sabe o que é ser gente (humana). Pode até parecer que de vez em quando eu não passe mais horas e horas escutando, como antes, mas ainda assim, eis aquele que posso dizer ser um eterno fã. Defino Kurt Cobain como sendo um grande sertão e que um dia virou mar, poesia... Talvez seja bem isso. Kurt Cobain é a terra agreste que se encontrou nessa minha jornada, no meu sertão particular, entre cactos e espinhos pelos quais passei, passo e passarei. É isso: amo Kurt com amor eterno, sem tirar e nem por. É algo imutável e transgressor. E por esse presente, olho dentro do que me transformei e agradeço a Deus, Zambi, Khrisnha ou as Forças Superiores por um dia ter me permitido encontrar dentro da minha juventude, alguém que de fato foi porta voz de uma geração e que foi da minha geração também, una, somente minha. Kurt Cobain é esse que permite agregar, somar... Não há prisão, não há loucura que não tenha no final das contas, uma alma queimando em brasas de profunda gratidão pelo que deixou. Nessa nossa existência, somos autorizados a gostar do que queremos. E naquilo que vivo e professo, não me é proibido escolher Kurt Cobain como sendo aquele que de um modo ou de outro, me inspira, me qualifica, me torna um eterno Smells Like Teen Spirit!

Um comentário:

Anônimo disse...

Você está completamente certo! Kurt Cobain é alguém que nunca deveria ter morrido... Infelizmente, nasci na década errada, hoje tenho 11 anos e ele é meu ídolo. Tanta gente tentando cantar, e de algum jeito, consegue atrair a atenção de muitos só dizendo "Tcha Tchu, Bara.." não usam mais nem palavras, quanto mais sentimentos!