Vulgar

Clara se vestiu de Camila, ou melhor, ela saiu vestida de sua personagem depois do ultimo dia de gravação do filme que a tanto fez parecer perdida e louca, confundindo a vida real com a ficção. Não teve tempo de ir para casa se trocar, não se importou, já estava fodida mesmo. Acompanhou os outros atores e diretores para um bar chamado Vulgar.

Tinha bastante gente, era final de semana, fazia calor e um cheiro de romance estava no ar. Coisas boas estavam para acontecer, pelo menos a vida deveria ser assim, sempre a espera das coisas mais positivas possíveis. Um copo de Uísque foi o que pediu Clara e do outro lado do balcão estava um sujeito que foi até Clara e se apresentou, seu nome era Bruno e estava esperando por um amigo que estava vindo o final de semana para o vê-lo. Conversaram um pouco.

Enquanto os dois pareciam extasiados um com o outro, a música começou a tocar e mais pessoas iam chegando. Veio fazer presente no bar Frederico acompanhado de seu garoto. Fred estava comportado, tralhando roupas básicas, enquanto o seu acompanhante estava com uma bermuda jeans rasgada e o maior buraco em sua roupa estava na parte traseira. Vestia camiseta preta e um tênis imundo. Sentaram-se numa mesa próxima a janela.

Era final de janeiro, final de férias e Rubens resolveu antecipar sua visita ao garoto da internet. Encontraram-se naquele bar também. Pediram cerveja e não encontraram um lugar para se sentarem, vendo isso, Fred chamou os dois para sentar junto a eles. Prontamente estavam os quatro num papo muito bom.

O amigo de Bruno chegou e logo o avistou e alguma coisa o fez sorrir de um jeito que nunca tinha sorrido antes. Pediu licença a Clara e foi encontrar com o outro. Nesse instante também chegou Caio e Rubens, procuram por um lugar e não encontraram, foram até o balcão do bar e pediram duas tequilas só para começar. Clara o reconheceu e sem bajulações, foi falar com Miguel. Falou que tinha visto o filme recém lançado e que a critica era muito positiva. Miguel perguntou se ela não era a atriz do filme “tal”, tendo acertado.

Sem perceber, Ana chegou no “Vulgar”, colocou a mão no ombro de Clara que se virando ficou surpresa. Caio e Miguel foram dar uma volta, as duas conversaram e se acertaram. No final da noite, ficaram no bar poucas pessoas, mas especialmente Frederico e seu garoto; Bruno e seu amigo, que na verdade era o seu affair, aquele que um dia o possibilitou a conhecer e se entregar para as coisas boas da vida; Miguel e Caio no balcão do bar, pedindo mais tequila; Rubens e aquele para quem servia de amante e por fim, Clara vestida de Camila e Ana, sua namorada.

Cada um na sua, brindavam, sem saberem um a vida do outro, um dia terem se deixado abraçar por essa vida. Comemoravam um fim, mas também um começo. E no final daquela madrugada, a vida que é um grande autor, entrelaçou cada um, numa mesma história, que Beth, dona do bar chamou apenas de: Vulgar!