4 de março de 2011

Coisas pequenas de grandes desajustes

O medo de perder se igualará ao pressuposto temor da morte, velada ou escancarada, ou melhor dizendo, a fatalidade de deixar morrer. Terá que se enterrar, a si mesmo ou a outros, outras, aquilo, isso e seja lá o que for, tem que haver os desajustes da separação.
Valerá a velação, a prosa desconexa com um pingo de café preto, sufocados com a mórbida fumaça de um cigarro filtro longo. Tem que haver o arranjo floral de adentrar a alternativa de corpos se unindo a terra. E por falar em alternativas, falaremos de alternâncias.
Hora ou outra não se terá a obtenção do tempo que favoravelmente brisou com riscos nosso corpo, sofrido pela escolha do envelhecimento. A angústia será suprema, quando findarmos no verdadeiro contato entre o sagrado e o metafisico, desunidos pelo gosto amargo da discordância de querermos sermos maiores, estarmos por cima da carne podrificado em um gesto intitulável humano.
Não importará quem foi Deus, Khrisna ou Buda. Menos ainda os feitos de Ghandi, Dalai Lama, Trótski ou Chico Buarque em sua temerável pedra na Jeny. O texto solto se voltará contra cada um de maneira particular. As lacunas serão preenchidas por dizeres incoerentes, aptos de ilusão e metáforas.
Caberá aos jovens, todo o sabor de rebeldia não mais suprimidas por terapias psicossocializadas e aos velhos a poesia de um livro sabiamente relatados por retalhos da vida, mesmo que o contexto seja o mesmo, mas separados pelo julgamento irracional das coisas terrenas.
O tempo consumirá os afetos e esmagará os sonhos, transformando-os em corações sensivelmente antropológicos em questões de carne. Pedaço desconjunto expresso pela liberdade poética dos tempos e tempos. O que mais causará sofrimento, é a coisa simples dos encontros e despedidas. Perdões e culpas, serão encontros extintos de toda a dramaturgia talhada a sangue e suor. Juntas, no compasso da música que menos se gosta. Temperal e insolúvel.
O Rock voltará a se enterrar junto a suas raízes. Bossa nova tornará a ser a grande novidade e a cristificação voltará aos livros históricos para serem contados para simplesmente poupar o mundo de presunções ditatoriais. Findará mais uma vez o que foi capaz de mover as sociedades e seus deuses de embustes.
A verdadeira falsa paz colocará de fato os pés nessa querida terra de Santa Cruz e a não vida, os não comportamentos e as formalidades morais, caíram como que se profetizadas por anciãos de seus lá vinte e poucos anos.
O que salvará a contemporaneidade, serão os desafetos conosco mesmos, o que nos proporcionará um último êxtase particular. E tornaremos menos mortos a medida em que nos encaminharmos ao processo de cristalização.

2 comentários:

F. Ramos disse...

Após uma tentativa FAIL de responder ao seu scrap, lá vai: "Obrigada (de novo), rapaz! Sempre que comentam coisas comigo sobre o blog fico meio bobinha, sabe, acho que de orgulho do meu "corpo-palavra" (não pude deixar de notar as referências a Nome Próprio ;] UHASUIDH) "

Gustavo disse...

Muito, mas muito bom o texto. O humano em sua forma de busca, mas ainda estagnado.