9 de abril de 2011

Ala Psiquiatra

Encontrava-se num canto qualquer, um homem conhecido pelo número duzentos e trinta e sete que carregava na roupa branca e num monte de folhas penduradas na beira de sua maca, que fora diagnosticado por alguns doutores, algo como esquizofrenia. Não conseguia mais continuar sua jornada humana e por esse motivo ocasionado pela vida que se tornou contra si próprio, fora internado por alguns parentes mais próximos.

Amigos que ganhou com o tempo desapareceram e nem mesmo resquícios de seus laços sanguíneos, que alimentou por muito tempo o cercavam naquele leito. Nem mesmo a companhia das ultimas horas quisera se aproximar. Restou ao homem o refúgio nas ordenadas frases de efeito continuo de livros que chegavam sem endereço remetente.

Passava horas lendo e muito mais tempo observando o vazio, talvez o nado fosse a melhor coisa que ainda não lhe aviam lhe retirado. Dentro de um espaço dentro da clínica onde estava hospedado, a unica paisagem a admirar era um vasto jardim com margaridas e girassóis. Sobrava verde e faltava pigmentação floral, mas aquilo já estava de bom tamanho.

Ali, tentava organizar-se e identificar o motivo pelo qual chegou a tal ponto. As perguntas formuladas eram embaraçosas e as respostas muito complexas para alguém que já ocupava um lugar na psiquiatria, adulterando-se por reagentes químicos, dissertados sobre receitas azuis.

Certo dia, avistou ao longe, um campo que se assemelhava a um roseiral vestido de pétalas vermelhas e brancas. Ficou maravilhado com a descoberta e sentiu-se um pouco mais feliz por saber que agora tinha mais um mundo dentro daquele celeiro de gente humana.Pediu papel e alguns lápis coloridos a uma moça que passou do seu lado naquele momento.

Folhas pardas e alguns pequenos lápis em mão, o jovem senhor atentava-se a cada detalhe que o amontoado de flores lhe propunha a desenhar. Sobre o papel, inspirou flores lindas e notoriamente as pétalas formavam um conjunto da maravilha cultivada por um bom jardineiro. Levantando-se para o banho, deixou onde estava o material que estava usando e um médico que fora recolher as coisas ali deixada, atentou-se a obra de arte que aquele homem acabara de realizar. Tirou uma caneta do bolso uma caneta e fez a seguinte anotação atrás da folha: "O homem em sua lucidez faz um jardim. O sábio, mesmo com suas faculdades mentais nem tão instáveis, percebe as rosas que se escondem no meio do nada."

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