2 de abril de 2011

Plural

Não concebo dentro de minha análise primitiva de vida uma coisa sem cor. Gosto do preto, gosto do branco, mas para uma composição sólida de estranhas sensações e motivações e seja lá o que for, penso que deve se ter cor, tom, sobre-tom; necessita textura, moldura, lápis, tinha, pincel. Os nossos desejos são algumas das nossas fantasias mais pessoais e inabitáveis em realidades alheias. Só quem tem a capacidade de sentir e querer sabe o ponto daquilo que se busca. Por respirar noto que meu pulmão necessita urgentemente disso e sem ele, ainda não sou capaz de viver. Experiência própria é a de mim mesmo que já fui adolescente e que quando era frustrado em minhas questões e quando queria tanto alguma coisa e não obtinha: pegava o travesseiro e metia a cabeça nele, num gesto de sufocamento. Não, eu não queria morrer naquela hora, queria apenas deixar de existir. Pensemos que a morte está de fato ligada a vida, portanto, quando eu queria deixar de existir não era porque eu desejava de fato cumprir esse paradoxo de minha existência. Eram momentos em que a capacidade de assimilar o que eu podia ou não simplesmente não faziam nenhum sentindo. Pois bem, ainda faz a falta desse sentido, mas creio que com esses pequenos sufocamentos que causei a minha mesmo, me fez ver a veracidade das coisas que é: o que é bom para você nem sempre é para os outros. É estranho perceber que somos praticamente iguais no que diz respeito aos números de células, formação humana, gostos musicas e por ai em diante e que nesse mesmo processo de conhecimento do outro, observamos as diferenças que também são grandes os relativos que nos separam da igualdade do ser. Um exemplo básico e que parte da teoria para a prática é uma família. A casa composta por pessoas que foram educadas da mesma maneira e desde sempre acostumados a fazerem as mesmas coisas tanto juntas quanto individuais. O comportamento nada tem haver com educação. Percebo o individuo envolvido no laço do egocentrismo, e penso, defendo, questiono e tento fazer valer o direito de que cada pessoa tem que ser ela e ser respeitada pelo que é. Nem sempre não concordar com a opinião que parte de um tu fará de nós um menos eu. A pluralidade das coisas são boas e consistem em unir aquilo que está disposto a se atar. Um amor para ser amado não precisa de cópias de identidades para acontecer, deve se amar. A amizade não necessita de gosto igual, pode um punk ser amigo do pagodeiro. As coisas foram feitas diferentes para unir, juntar, somar, ensinar. Infeliz é a pessoa que se alojou no conformismo da roda que só gira em torno dos seus pensamentos. Não existe singular que mais na frente não venha a tornar-se plural. Menos ainda alguém que consiga para sempre permanecer dentro de sua ilha. E se conseguir, de nada adiantou. Não nascemos para ser só. Aprendemos com a solidão que auto-suficiência é coisa de quem não aprendeu nada e que não está disposto a ensinar também. Donos da verdade são assim: não aceitam, não somam, não são pessoas. O processo cá vale para lá.  E o estágio eu, só pode ser somado com um tu, ele. Se não puder um dia declarar ao mundo um nós, que me tirem a vida e não me dêem o direito de morte. Parei no meio e afundei. Deixei de existir e nem mesmo eu saberei quem sou. Fim!

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