11 de junho de 2011

A vida desmanchada com a ida

O grito de desespero tornou-se silencio dentro de mim e só consigo me lembrar do rosto desolado da pequena Beatriz, nosso filha, que juntou suas delicadas mãozinhas e pôs-se de joelho do lado do corpo de seu pai e de mim, estirada também ao chão em alma.

Agora, alguém que eu estava acostumada a ter junto de mim e do corpo que carrego, simplesmente parece ter me esquecida trancada nesse quarto que cheira o seu corpo e voado para um lugar de onde não mais ouvirá as minhas lamentações.

sou obrigada a velar na nosso quarto, onde sacramentamos nossos sonhos e eternizamos jurar de amor, o homem que me tirou ainda menina dos braços do meu pai, prometendo o zelo e o cuidado eterno de mim e da menininha que ainda estava dentro da minha pele, corpo...

Estou sendo sepultada viva e sem a vontade de defesa. Não consigo fugir. Autorizei-me amarrar a alma e meu corpo já não responde mais.

Rasgaram-me o peito e retiraram dele, parte do meu coração, onde eu guardava a sete chaves, o humano amor que eu havia adquirido no tempo. Restou-me apenas uma cicatriz, ainda talhada em pontos e que só o antídoto salvifico, seria minhas lágrimas, mas elas, não caem dos meus olhos. Já não consigo enxergar motivos para sensibilizar minh’alma e meus dedos cansados redigem cartas de alforrias que não me darei ao luxo de assinalas.

O sufoco não me tira o ar e nem mesmo o fogo reage a minha carne. E minhas falas rezadas que aprendi com mamãe, saem da minha boca e batem na porta e se desmancham. Falta fé. Nada tem subido até onde possa estar o meu homem e por conta disso, a única coisa que cai sobre mim, é um gosto amargo que sobe do meu peito e invade a minha boca, mas gritar eu não consigo e assim, vou me alimentando dessa falta de compreensão. Estou morrendo, mesmo sentindo que a morte tenha se afastado e não sinto o meu coração bater, perder o ritmo e se descompassou. Perdeu o Tum-tum. Foi-se misturado a terra fria que cobriu o corpo magro do homem que permitiu sem o meu consentimento ir sem se despedir e nunca mais voltar... Fui junta, mesmo estando separada. Alio minha vida desmanchada com a ida...

Um comentário:

Larissa disse...

Palavras duras e suaves q se encaxão com um deslindar quase que perfeito..