2 de setembro de 2011

Doce amargo

Se de todo amargo minha boca pudesse apenas sentir o azedo de teus dentes, minha alma sorriria feliz, sorrateiro seriam meus dias e mais abundante as lágrimas escarnecidas de sua ausência. Porém, submerso no vazio fiquei com a sua partida, daquelas feitas barquinhos de papel dissolvida na água cloridratada de nossas tubulações.

Meus dedos estonteantes, procurando por teu corpo e não encontrando é a frustração de meus passos nada firme na terra que por hora nem me cabe como deleite de minhas entranhas, assim, vou seguindo sobre a vida e a morte de um jeito estranho de me atentar a vida, de querer tirar-me até os últimos suspiros e sabe-se lá de bailar a penúltima valsa da noite que anterior a minha partida cheira ao seu balsamo que entre as suas pernas encontrei prazer, fulgura de meus olhos; delicadeza de meus desejos.

Se pela noite encontrava seu corpo junto ao meu é na madrugada que percebo sua partida. Por que fostes para mim a alvorada dos pássaros noturnos se pela manhã não se encontra mais? Quisera por fim aos nossos insultos e de vez para sempre fez tonteaste feito a brilhar a sua ida para nunca mais voltar? Encontrou outro que por acaso de seu destino de tapas mais certeiros e beijos mais envolventes? Achou-se entre outros pêlos e nas mãos bandidas de outro qualquer, dirigiu-se a sua fenda subumana?

Dei-lhe o coração e tu me devolveste as pólvoras queimadas de um tiro que de encontro ao meu peito abriu verticalmente minha cova e do enterro de meu corpo que só será feito quando enfim chegar à hora de te segurar pelos braços e arrastar comigo como que pela última vez, mas de certo que em meio a tanta bagunça nada vai conseguir separar o que está ligado pelo fio da alma, corpo, mente e coração.

Amargo é disso que traço sobre minha boca e salivo sobre seus lábios, sem medo da tortura e da solidão, pois sei bem que o que é nosso ninguém nos tira, nem Deus e nem os santos nem mesmos os diabos da terra que comensuramos nossa eterna morada.

11 comentários:

koalla disse...

Realmente faz refletir bastante!! Gostei da sua postagem.

Gustavo disse...

O que dizer se tuas palavras já gritam ao mundo o que trazemos dentro de nós? Por que questionar o inquestionável se o doce nem sempre é o bem vindo e que o amargo nem sempre é a melhor pedida. Encanto-me com o seu jeito de pensar/escrever... Parabéns!

Anônimo disse...

Nossa, me fez refletir bastante, e me fez sentir uma explosão de sentimentos, muito bom, adorei.
http://lollyoliver.wordpress.com/

Rejan disse...

Impressionante o poder que voce tem com as palavras, muito bom o post. Parabéns!

http://hell-boyy.blogspot.com/

Anônimo disse...

Adorei! na verdade me vez pensar un poco muit bom!

Brojato disse...

Adoreiii, seguindo!

koalla disse...

Muito boa sua postagem!! A cada vez q leio faz refletir mais!! Parabéns

Juliana Cysne disse...

Adorei o texto, ficou de parabéns :D

Unknown disse...

Parabéns pelo blog!

Bruno disse...

Incrivel fiquei sem palavras, um texto tão intenso e tbm tão chamativo, o titulo então...PERFEITO
me impressionei com suas postagens meus PARABENS

http://sintomasdepsicopatia.blogspot.com/
http://condessasuy.blogspot.com/

Matheus Salvino disse...

"Dei-lhe o coração e tu me devolveste as pólvoras queimadas de um tiro que de encontro ao meu peito abriu verticalmente minha cova (...)"

Esses desencontros. Se tudo andasse no mesmo passo acho que não haveria graça. Não aquele tipo de graça que nos faz rir, não, bem longe. Aquela graça de poetar, de sofrer e filosofar...

http://molduraseretratos.blogspot.com/