Coração vagabundo

As putas são meus amores favoritos. Não temem os perigos, na verdade, não negam nada. Fazem quase tudo: algumas exitam em beijar na boca, e certas elas. Pra que correr o risco de gostar não é? Adoro as putas, aquelas de beira de estrada ou as finissimas de casas de luz vermelhas, cheias de plumas e exagerantes faltas de vergonhas. Adoro paetes. Lantejoulas douradas ou com um brilho fosco, mas das putas, reservo meus amores mais sórdidos.

Gosto do amor que sinto pelos afeminados, um amor roubado, vez em quando, até escondido. Claro. Corre-se o risco de levar uma surra de machões de plantão em qualquer beco ou rua por aí. Independente de cidade, estado ou país. Está bom: amor oculto também existe e desses, por que não aproveitar? Tem aqueles amores cheio de carões, bocas e trejeitos. Digo, um amor gay lindo de se ver.

Falando do machão, enrusto-me ao seu amor. Me lanço e me perco em seus corpos cheio de pelos. Braço forte. A gente precisa desses brutamontes, no momento da queda, eles nos servem de aparente corpo para despecar-nos. Corpo de homem, alma de moça. Todos têm e negue quem puder. Não ligo se o amor tem lá suas vertentes e duas faces: a que dou a cara a tapa e assumo publicamente essa doença chamada sou-bicha-mesmo ou sou-puta-mesmo ou simplesmte: vai se foder, estou amando um cara enrustido.

Amor bandido, profanico, demoniaco. Não importa a forma que seja ou a intensidade que se tem. Sendo amor é o que importa. Amor visceral, é bom, nos deixa loucos. Tem amor que vem pra bagunçar, esparramar e quebrar... Que mude, transforme e até maltrate. Amor cafajeste de barba na cara e camisa aberta. Volto ao oculto, aqueles segregados por batinas, ritualisticas ou simplesmente um amor de quatro paredes. Amor é amor e tudo pode. Amor com sangue? Depende. Tem que ser bom e que o sangue não nos faça desfalecer. Tem que ser ofegante, imaturo, imbecil. Pode ser ogro e de pegada forte ou simplesmente algo singelo e meigo, mas tem que ser amor.

Sendo amor, não importa: homem com homem, mulher com mulher. Há amor em todas as pessoas. Mulher com homem, homem com mulher. Alguém duvida que existe amor? Amor entre bichas, putas e cachorros. Exagerado amor. Todos podem e devem se abrir ao amor. Amar o desconhecido, abrir as portas para o novo. Sim, digo das experimentações. Ninguém sabe o que é amor ou falta dele quando não vivenciou – e é claro que lá vem os que vão dizer que sabem do que amam -, amor é ponte que nos leva a loucura, mas nos devolve a sanidade. Amor é visão turva, sensação ofegante, pornografico. Pode ser retilineo, sereno e monge. Amor só se é amor quando nos abrimos as coisas, sem medo de se machucar, nmão gostar... Isso tudo pode acontecer, mas mais vale a decepção de ter vivido um frustrado amor do que a angustia remoendo por dentro por não saber se de fato é bom ou não. Amor faz bem, mas faz mal. Quer saber? Amor faz mesmo tum-tum-tum.

Dos amores canalhas, um jeito profano de ser. Do amor monja, a serenidade. Do amor putaria, invenções notorias de que sabemos improvisar. Amor, não importa como for, sendo amor, qualquer anedóta é poesia. Amor covarde? Só um pouquinho. Mas amor, deve ser isso o que ele é, simplesmente amor. O resto? A gente vai levando. Ame o diferente, o exuberante. Ame, simplesmente sem medo. Vai amar e deixe de choramingar sua existência. Ame, ame e ame!