24 de novembro de 2011

Não fuja


Ele veio cheio de pretensões. Defendia sua heterossexualidade, quando de fato, eu em nenhuma hipótese ainda havia me jogado para cima dele. Eu não ia fazer isso, mas alguma coisa que instigava meu faro, meus desejos, partiu de suas bocas. Defendendo sua sexualidade, eu sentia que eu podia, que eu queria. Talvez escondesse alguma coisa por debaixo de sua roupa. Eu não havia pensado nas possibilidades, mas ele com seu egoísmo, dito macho de ser, me fez parecer mais uma vez uma cadela vadia, pronta para dar para o primeiro vira-lata bruta montes que aparecesse.

De um modo ou de outro, quem havia se jogado para cima de alguém, tinha sido ele. Eu estava na minha. Nem havia imaginado antes, mas sabia que agora, depois daquele instante eu comecei a desejar. Não que isso fosse uma coisa errada ou certa, ou que eu estivesse subindo pelas paredes, mas o oculto sempre me chamava a atenção. E quanto mais alguém se esconde por detrás de carinha de menino, é que eu vou querendo mais, desejando mais.

Claro que suas tatuagens desde sempre viessem fazendo a minha cabeça e mexendo com todo meu lado art-porn, mas eu estava até que respeitando a amizade que tinha me oferecido, ou melhor, que eu tinha oferecido a dar, mas ele foi o culpado. Como que se escondesse alguma coisa veio a me falar coisas que me fizeram pensar: por que não? A vida não é um jogo? Então por que não se permitir? E foi assim, que meio sem jeito eu comecei a sonhar, imaginar, querer. Ir ou não atrás? Liberar ou não aquele lado totalmente perdido meu de ser? Só sei que estava confuso demais para poder dizer que sim, mas não queria dizer não também. Tudo era uma questão de lógica. Seres humanos amam, sentem e mesmo que ele viesse a dizer que não era do que ele gostava, ele tinha que ter a consciência que quem não se permitia era ele e que eu não tinha culpa. Que todo meu instinto sexual fora por ele provocado e que teria que se virar. Não virar para mim e sim arrumar um jeito de fazer todos os meus desejos mais secretos, tornar-se realidade. Consumar na minha ou em sua cama. Os nossos corpos, quentes, enrolados, pelos com pelos, suas mãos em meu corpo e minha boca na sua e onde mais que a sua, minha, nossa imaginação permitisse e assim fizesse fazer real aquilo que eu havia idealizado com tanta força.

Desde então, passamos a ser mais que amigos, mais que irmãos. Claro que tinha sido ele que tinha entendido errado, aquilo que era sagrado, mas tudo bem. A culpa passou a ser dos dois. Dele por se aproveitar da minha fragilidade e tentar esconder-me o que era obvio e minha por não saber controlar os meus instintos humanos. De tudo, o sexo consumou a nossa vida e nossos desejos tornaram-se fogo abrasador de duas almas, transformadas em uma. Sem o peso do pecado, ele sempre fazia de mim, aquilo que eu queria que fizesse e eu, rendia-lhe a graça do gozo sobre meu corpo.