26 de dezembro de 2011

Amor meu grande amor


E ele ainda acreditava que era tudo, mas não passava de mais um rostinho bonito, sem muita coisa por dentro, sem nada que exprimisse a beleza que ainda achava que tinha. Acreditava que todos ainda o desejavam, apenas achava que era o tudo na vida de alguém e isso não nego, ele era tudo na minha vida e na de outras tantas pessoas também, mas ele não ligava. Sabendo do amor que possivelmente despertava, ele somente brincava. Das paixões que possivelmente poderiam ser entregues, ele só magoava. Ele ainda acreditava que seria amado para sempre e não foi assim, nunca é assim. Um dia da caça o outro do caçador e repetidas vezes engoli esse ditado, com a certeza de que tudo que eu sentia, uma hora mudaria, se transformaria, sofreria algum tipo de mutação e não é que sofreu?

Aprendi a viver com o silêncio de seu desprezo, fui me fortalecendo e mesmo debruçado sobre minhas próprias lágrimas, eu estava aprendendo a sair de trás das coisas que não me pertenciam e nem pertencia a ele. Sofri, chorei, achei que não ia passar que nunca iria passar aquele amor doído, mas passou e se tudo na vida passa, o que eu sentia por aquele belo par de olhos e pernas e braços, passou de um jeito que nem eu mesmo percebi. Não restou raiva, ódio e rancor, isso também passou, foi um dia, uma semana, um mês, quem sabe? Só sei que passou. Hoje, nem mesmo a indiferença ele detém, pois simplesmente passou e nada pode plantar, semear em mim.

Aí, eu fui voltando a ser mais eu, vivendo mais um amor próprio, um amor grande de amor meu. Deixei que esvaziasse a mente e o coração e segui, fui andando e a sensação de liberdade voltou e ele? Ele continuou achando que era o mais bonito, o mais gostoso, o mais desejado. E eu? Comecei a achar que ele era mesmo o mais bonito, mas que logo se tornaria o mais feio; acreditei com toda força que de fato era o cara mais gostoso, mas que não demorava aparecer alguém melhor, mais tipão e ele? Ah, ele ia ficar parecendo um monstro; sabia que ele era o mais desejado e também tinha a certeza que de todos que o desejavam, o mais sincero tinha sido o meu desejo e para todos que ele se entregava, o gozo alheio ia lhe ferindo aos poucos o ego e desse jeito, uma hora ou outra, ele não seria mais aquele desejado de sempre. Tudo passa e a gente também está nessa passagem.

Não sei se tudo isso é verdade, mas as coisas do meu peito dizem que sim e minha razão também ressoa intermináveis “sim”. Acontece que morrendo jovem, a gente vai ficar belo e eu morri. Morri para as coisas que dele me interessavam e eu fui me transformando em um ser humano mais lindo e ele? Riscado pelos beijos e pele arranhada por pernas mais peludas que a dele. Claro que era coisa da minha cabeça, mas eu sábia bem que era disso que tratava o meu, seu, todos os fins. Um dia da caça, ah amor, meu grande amor, outro do caçador!

3 comentários:

Kamylla Silva disse...

O texto me fez lembrar de uma história que não era propriamente minha, mas que acompanhei de perto. Tava falando ontem sobre ela, aliás! Fico feliz que a pessoa que me era querida e que sofreu com o egoísmo alheio tenha superado com a maior serenidade possível um relacionamento que só fazia mal a ela. Mesma coisa pro "personagem" dessas linhas. :)

:*

http://hey-london.net

Marcelo disse...

gostei muito do seu textp e da imagen mais ainda MODA. FASHION, TEXTO,POEMAS CONSUMO, MUSICAS , LIVROS, FRASES E MAIS

http://www.wondermarcelo.blogspot.com/

Anônimo disse...

Nossa .. amei o blog tá!
você tem muita inspiração ..