Um grito

Tenho tido certeza das coisas que tem dentro de mim. Sou aquele psicopata não praticante, em outras palavras, um humano demasiado humano. Não adianta sonhar alto, pois quando os pés ousam subir um pouco o cimento frio, alguma coisa puxa de volta a realidade e ela é cruel. Não sei. Os monstros de dentro de mim desapareceram, já não sinto aquela ansia por vomitar frases. O veneno de minha própria lingua já não fere nem a mim, nem aos outros. Tudo a minha volta está forte demais e eu não consigo me aproximar. Sabe? As coisas estão acontecendo da maneira errada. Não há o certo, mas os erros existem. Adeus terapia motivacional. Bati na madeira três vezes, mas as pragas e maldizeres também se foram. Tenho me sentido assim, um estranho, uma agulha no palheiro. Ninguém procura e nem se fere mais com nada que produzo. Quando cuspo as faces, elas olham dentro dos meus olhos e oferecem o outro lado. Cospe mais, dizem elas e eu não cuspo. Tenho andado cansado - de tudo, de todos. Sinto que não sei mais o que é ser valorizado, sendo que nem mesmo eu denoto qualquer valor em mim e nas coisas que faço. Me cansei das pseudo-ajudas; dos pseudo-afetos; das pseudo-humanidade por aí. Loucura é pouco. Me pergunto o por que de tanto. Não existem respostas certas, nem erradas. O erro, mais uma vez ele aparece para me mostrar incapacidade de querer cobrar e me cobrar. As vezes é melhor mesmo queimar tudo do que se apagar aos poucos. Isso se chama melodrama, eu sei bem disso. Não ligo. Quem é que não faz da vida uma novela mexicana? Só sei que não vou mais correr atrás. Não ligarei, não procurarei, não mais nada. Ficarei estagnado, parado. Pois aquilo que a Clara bem escreveu é verdade: estou numa areia movediça e é melhor ficar parado, pois posso afundar mais, porém ela tinha uma certeza e eu não, de que alguém lançará um bambu e me salvará. Não é legal, não está bom, mais uma vez, não nada.