23 de junho de 2012

Flor da Pele

Daquela cor insaciável

Começamos a nos falar através das mensagens instantâneas das Redes Sociais. A internet havia nos tornados desde o começo, íntimos e amantes. Não lembro ao certo quem começou a puxar assunto, mas me recordo é que desde o inicio, os nossos instintos humanos se aflorar a pele. Parecia que o “santo tinha batido”, mesmo não sabendo se de fato ele era tudo e o nada daquilo que me falava. Sei que eu queria e não importava o que fosse acontecer e se fosse um dia acontecer e como seria feito, insisti naquilo.

Denotava um outono frutífero. Era tão natural as coisas que toda vez que ele aparecia, dava sinal de vida, já iniciávamos um boa e longa prosa. Aquela sensação de que já nos conhecíamos há muito tempo. Falávamos sobre as nossas vidas, entregávamos um ao outro por inteiro. Claro que eu podia estar caindo numa grande enrascada, mas dentro da minha cabeça martelava que se eu não arriscasse, minha vida continuaria sempre a mesma. Todo dia era a mesma conversa: o que faz? Fez? Fará? Por quê? Sentia que estávamos frente a frente, tomando uma cerveja e saboreando, um a vida do outro.

Rubens, seu nome. Qualquer coisa me fazia pensar nesse homem com muita intensidade. Eu sabia bastante coisa da sua vida e me fazia sentir bem e com vontade de estar junto, pegar um avião e desembarcar na Bahia, lugar que vivia por motivos de estudos. Falava dessa vontade, mas ele sempre me brochava respondendo para esperar um pouco que nas férias de dezembro viria para São Paulo visitar a família e assim vir me ver também. Estava demorando, eu queria logo, para ontem, já!

Como tudo na vida passa o tempo e os dias também passaram. Veio com o inverno, o frio dessa nossa relação que vivíamos mesmo nunca termos nos vistos. Os afazeres de cada um, meio que afastou as possibilidades. Comecei a acreditar que tudo era ilusão da minha cabeça e que aquilo nunca teria um futuro real. Engatei nesse período um namoro sério. Não queria representar uma parcela da população mundial que traí, então, deixei de lado todos os devaneios que tinha criado com a imagem de Rubens na minha cama, no meu banheiro, na minha vida. O pouco que falávamos era o suficiente para perceber que já não tínhamos nenhum assunto. Tornamo-nos desconhecidos, ligados apenas pela internet.

Floriu a primavera e a esperança de um verão promissor veio bater a minha porta. Sonho de brisas, encantos, roda de amigos reais, possibilidades humanas. Cheiro de chuva, de um dezembro logo ali.

Começo de outubro, fui pegar as cartas esquecidas na caixinha do correio. Contas a pagar, contas a pagar e contas a pagar. Havia cartas para a mãe, irmã e malas diretas para mim, tinha uma carta de um amigo que morava no Sul, de uma amiga que estava na Itália e uma vinda da Bahia. Como? Bahia! Pisquei várias vezes para ter certeza de que lia o nome do remetente corretamente. Rubens. Bahia. Brasil. Era só uma carta, mas aquilo veio me socorrer de um estado de coma induzido por minha capacidade de não esperar muito da vida. O moço adormecido em seus sentimentos, instintos, ou seja lá como pude chamar naquele momento me escreveu tudo que passou durante o tempo que quase não nos falamos. O seu inverno tinha sido doloroso. Contou das pessoas que tinha ficado e dos relacionamentos que não conseguiu levar para frente. Culpou-me por não tê-lo deixado seguir sua vida, assim como estava fazendo com a minha. Disse que se sentiu esquecido por mim, mas que nenhum instante deixou de pensar em mim. Uma carta desconcertante, o que me fez querer de novo tudo aquilo que havíamos prometidos no começo.


Peguei o telefone naquela hora e liguei para o lugar que morava. Cada hora uma das pessoas que dividiam o apartamento com ele me dizia que ele não estava. Passei dois meses tentando falar com ele e nenhum sinal de vida. Talvez ele só estivesse tentando brincar comigo e com os meus sentimentos. Resolvi esquecer de vez. Não mandou mais nenhuma carta, assim era melhor. Exclui-o de todas as possíveis Redes Sociais. Apaguei qualquer outra possibilidade de contato.

Meu namoro estava bem, mas eu já não sentia mais aquele tesão de antes. Era apenas um carinha que eu tinha reservado a alguém que me deu amor. Nada de mais. Pensava em terminar, mas ficar sozinho não me parecia à melhor escolha. Na verdade, eu tinha medo de não encontrar ninguém depois. Se de dia eu pensava em acabar com tudo, à noite o meu namorado me vinha cheio de amor para dar. Eu ficava sem jeito e bem do seu lado e então eu não terminava, ainda acreditava que podia ir tocando aquele nosso namoro.

Começando dezembro, minha introversão bateu de frente. Não queria ver ninguém, nem fazer nada com muitos dos amigos que ligavam me chamando para qualquer coisa. Até meu namorado resolveu ir mais cedo para o Sul cumprir o ritual natalino em família. Fiquei sozinho, com as minhas coisas e meus deveres finais na Faculdade.

Com o calor insuportável e o verão se instaurando no tempo, o que me socorreu de mim mesmo foi uma ligação inesperada de Rubens. Ele sabia bem como surpreender e aparecer nos piores momentos de minha vida. Era de madrugada quando o telefone tocou, incomodando minha insônia devido ao forte calor que fazia. Ele pediu desculpas por não ter me atendido e ligado antes, disse que não estava pronto para ouvir minha voz, pois até que pudesse me ver, seria um tormento. Já estava em São Paulo, meu coração palpitou. Disse que estava na hora de nos encontrarmos. Queria inventar uma desculpa qualquer, mas não deu tempo, pois ele já tinha comprado suas passagens e vinha na tarde daquele dia. Falei que tudo bem e dei as orientações e sim, eu estaria na rodoviária esperando por ele. Não consegui dormir mais mesmo.

Véspera do Natal e eu esperando alguém que eu não sabia se era aquilo que tinha se apresentado para mim. Senti vontade de fugir, voltar correndo para casa e me trancar no quarto, mas não fiz isso, achei uma puta sacanagem pensar daquela forma egoísta. Fomos nos falando por mensagem de texto e a cada referência que ele fazia de onde estava, eu ia tendo certeza de que ele não demoraria muito a chegar. Só queria que o tempo naquele momento passasse devagar, só para que pudesse me preparar, mas parecia que voou e o ônibus vindo de São Paulo chegou.

A cada pessoa que descia eu ia me esquivando, queria que aquela situação não passasse de um sonho, até que Rubens, negro, óculos de grau e barba desceu. Olhou-me com olhos, de como diria Chico Buarque, “olhos de comer fotografia”. Eu fiquei muito mais tímido que qualquer coisa no mundo. Veio em minha direção, disse um “oi”, apertou minha mão e mandou na lata: e daí?

Os primeiros dezessete minutos foram do tipo de conversa que a gente pede para esquecer. Meio bobo, sem graça e infantil. Muito inútil mesmo. Sentamos num restaurante e pedimos um refrigerante. Eu precisava de álcool, mas fiquei na Soda. Não agüentei e pedi que o garçom trouxesse quatro doses de tequila, virei três e deixei uma para o cara a minha frente.

Ele queria ir para um hotel e nos encontraríamos mais tarde, mas insisti e consegui que ele fosse para casa. Chegando lá, apresentei para minha mãe e para minha irmã. Ainda bem que meu namorado estava na casa dos parentes no Rio Grande do Sul, me ausentando do risco de ser pego com um cara estranho na minha casa. No meu quarto ele disse que não tinha problemas em dormir no chão e sem segundas intenções eu disse que podíamos dormir os dois na cama de solteiro mesmo. Ele me olhou com uma cara de safado e eu disse um para lá e outro para cá, mas já não adiantava mais. Ele mostrou para o que venho.

Sai rapidamente do quarto para pegar duas latas de cerveja e quando voltei e foram questões de segundos mesmo, ele estava só de cueca no meu quarto. Estava trocando de roupa, achou que eu fosse demorar mais um pouco e eu fingi que não me importava, mas daí que ele enrolou mais ainda para se vestir. Conversamos mais um pouco, mas foi melhor que a primeira conversa pessoalmente. Falamos de nossas Faculdades, família, amigos e ele iniciou um assunto ligado a sexo e eu respondi com a maior naturalidade.

Demos uma volta para o bairro, voltamos uma hora antes do Natal. Sentamos a mesa e ceamos antes que todo mundo. Bebemos vinho, cerveja e a noite natalina começou. Cumprimentamos os presentes. Mãe, irmã, irmão, cunhados, sobrinhos... Ganhei um cd dele e dei uma camiseta. Deu tempo de comprar um presente. Não demorou muito para que todos saíssem e fossem para a casa de uma tia e ficamos sozinhos em casa. Bebemos mais e além da conta. Rubens disse que estava com calor e enquanto eu ia para a cozinha pegar mais cerveja, gritei para ele tirar a camiseta e ficar a vontade. Ele levou a sério. Fechei a porta da geladeira e virando, dei de topo com ele a poucos centímetros atrás de mim. Com o susto, derrubei a cerveja que naquele momento era de garrafa. Ele por sua vez, me vendo meio sem graça, segurou em minha mão e fechei os meus olhos. Sentia o seu corpo se encostando ao meu, como em câmera lenta, até que sua boca encostou-se à minha.

Ele tinha uma pegada forte, boa e que me fazia quase que parte do seu corpo. Agarramos-nos ali mesmo. Chegamos à sala, nossos corpos despencaram-se no sofá e eu tirei sua bermuda. Ele mais vadio e com mais força arrancou minha camiseta, depois desabotoou minha calça e tirou ela e minha cueca juntas. Tirou a sua bermuda e podíamos sentir os corpos. Não sei quem tinha a pele mais quente. Só sei que nos amamos loucamente. Ele beijava meu pescoço e eu me entregava mais facilmente. Mordia minhas orelhas e eu segurava o mais fortes, arranhava suas costas, queria mais. Consegui virar o jogo e ficar por cima dele e beijei seu pescoço, desci para o peito, barriga, virilha. Senti o seu pau na minha cara, duro feito pedra, meti a boca. Comecei a chupar ele todinho de uma forma que ouvia seus gemidos de prazer e eu ficava ainda mais excitado. Ele se retorcia, gemia, me chamava de “puto”, até que gozou na minha boca e eu engoli. Depois foi a vez de ele fazer-me o mesmo. Chupou-me de uma forma que eu nunca tinha sido chupado. Fechei os olhos e gozei na boca dele, que também engoliu.

Pegamos um pouco de vinho. Bebemos na garrafa mesmo, porque gosto de porra é foda. E antes que eu me ajeitasse de novo no sofá, ele me virou, passou a mão na minha bunda, deu umas mordidinhas e enfiou-me o pau. Era um pinto de tamanho normal, porém grosso, parecia que me rasgava, doeu no começo, mas depois foi gostoso, sabia meter. Agarrava-me ao seu corpo. Sei que foi bom. Tudo que ele me fez, queria que eu repetisse com ele e assim foi até amanhecer. Transamos na sala, na cozinha, no meu quarto. Transamos no banheiro e até no quintal. Foi tudo muito lindo. Perfeito. Rubens, o negro bom me fez sentir amado. Depois dessa madrugada intensa, dormimos e ao acordar, transamos de novo e de novo e de novo.

Chegou à noite, fim de festa e Rubens ia partir. Carregou consigo um pouco de mim e deixou muito de si. Prometeu voltar no Carnaval e eu fiquei, esperando, esperando e esperando. O Carnaval demorou, aliás, está demorando a chegar...

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