24 de novembro de 2012

Oi Martha


O que sou eu se não discordar das coisas? O que faço se não for para remar contra a maré, ser do contra, querer que as coisas sejam diferentes? Pois é? Eis que me encontro aqui, mais uma vez para contrariar o escrito, o dito e o que muitos por aí fazem questão de usar como "para-choque de minha nada mole vida".

Três segundos para dizerem de quem é a seguinte frase: "O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.". Não vão ganhar nada, a não ser um pouco mais de personalidade e carão cult diante da sociedade, pois é bem assim mesmo, se leio Machado de Assis sou cult, mas se leio Fernanda Young sou mais cult ainda e sobre os cults da vida, pouco sabemos, estereótipos demais para uma sociedade que não faz nada além do que copiar o que é dos outros para serem, se personificarem num ser humano mais descolado, mas vamos aos dados, que não é falar de pessoas cults ou posers e sim a frase, sobre o tempo que não cura nada, sobre o que nos tem tomado a atenção e essas outras parafernálias de nossas emoções.

A frase em questão é da saudosíssima Martha Medeiros, escritora gaúcha, advinda lá das bandas de Porto Alegre, sim, lá do Sul, região que fomenta grandes bandas, escritores e outras tantas maravilhas.

O tempo, uns o chamam de divindade, outros de espaço de um período ao outro, mas eu aqui, com toda a licença e respeito possível, o chamarei apenas de tempo. Um fato que a gente quer ou não, acontece, corre, arranha, risca, dá risos, mas arranca milhares de lágrimas. Tempo, que para tantos é cruel, não ilude, nem mente, apenas arrasta, mas esse mesmo tempo é o que cura as mágoas, cicatrizam as feridas, estampa na nossa cara aquele ar de satisfação ou insatisfação também, depende da pessoa, do dia, do tempo por ele próprio.

Não cura, mas o que? Qual é nossa doença que precisa de cura? Que momento de nossa vida necessita de cura? Cura é também cuidado, por isso não adianta tentar curar sozinho. Para uma pessoa doente, a cura vem pelas mãos do médico; para a criança com medo, a cura vem da forma que os pais tratarão a situação; para os carentes a cura só pode vir de alguma coisa que supra, instigue... Para os apaixonados, a cura está numa boa dose de bebida bem forte, cigarros para os que fumam; uma boa balada para quem gosta, um show de rock também. A cura não se dá sozinha, a cura tem suas vias, cura, tudo tem cura, nem que seja a morte a única solução, mas que tem cura tem.

Tudo é muito relativo isso. O que é tudo e pouco? O que é que sobra em mim não é o que sobra nos outros, o mesmo quando se diz a respeito das faltas. Tudo para mim é música alta, bebidas, amigos, livros. Para uns amigos tudo é sexo; para outros é balada e conheço até os que acham o tudo nas drogas. Bendito seja o subjetivismo do tudo, onde só se pode chegar bem perto do "quase" tudo, afinal de contas, queremos, conseguimos (ou não) e já não queremos mais, então, o tudo já são outras coisas, outras formas, outras situações, portanto, que paremos já de julgarmos o tudo, pois ele não existe assim de forma tão exata.

Aliás, o tempo não cura nada. E o que é que se é para curar mesmo e o que o tempo tem a ver com isso? Quer cura? Procura o médico! O médico não pode tratar da sua cura? Têm Igrejas, Tendas, várias infinidades por aí de lugares e pessoas e jeitos de se obter a cura. Não? Não se trata desse tipo de cuidado? Então meu (minha) caro (cara), vá até uma instituição de crianças abandonadas e veja se não encontra sua cura lá, onde os que realmente necessitam de apoio encontram de forma mais sutil e bela; senta no meio da Praça da Sé (Em São Paulo) e vê se a sua cura está lá, entre os sujeitos que estão por ali, perdidos na vida, sem ninguém ou lugar para ir. Não nos interessam se eles estão ali por opção ou não, mas vai lá e veja se sua cura é mais importante que a vida daquela gente esquecida. Vai pra vida e deixe de bobeira e pare de responsabilizar o tempo por não ter conseguido segurar o homem "da sua vida"; chega de culpar o tempo por não ter conseguido aquele emprego, ou passado naquele vestibular... Uma coisa é certa e o certo que também é relativo vai concordar comigo: o que é pra ser nosso será, mas se a gente não quer isso e sim aquela outra coisa, temos o direito de ir atrás e se fizermos o esforço necessário, vamos conseguir. Ora se culpa o tempo, ora a ida e sua responsabilidade com o tempo que corre e a vida que tem? Acorda vadia, levanta dessa procrastinação seu lesado. Vamos deixar a incompetência de lado? Enfim, esse é mais um daqueles textos que no final serão mal compreendidos, mas Martha Medeiros que me desculpe, afinal de contas, a frase é dela, dei os devidos créditos e no final das contas, atualizei o seu pensamento aos dias de hoje, aonde qualquer babaca insatisfeito vem culpar o inculpável. Oi Martha, até logo. Um beijo. E pede para as pessoas que tiram do contexto suas frases pararem com isso, cansa quem ainda acredita na sua prosa e te deixa com cara de louca! E sobre atenção? Tá querendo demais já.

P.S.: A frase em si não é de autoria de Martha Medeiros, mas como ela citou uma vez e a internet é uma coisa bem filha da mãe, não achei o verdadeiro(a) autor(a). Se alguém souber, me avisa.

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