14 de dezembro de 2012

Celular não é coisa do bem

E ele disse, depois de alguns dias que havia me ligado um milhão de vezes, mandado milhares de torpedos no celular e eu nem tchum. Calhorda, eu gritei na sua cara. Eu que havia ligado mais de dois milhões de vezes e mandado mais outras milhares de mensagens em seu celular e ele não respondeu. Brigamos, passamos o ano assim, brigando e a culpa dele era exatamente essa, por não me atender quando eu queria falar e ele vinha me dizer que a responsabilidade era minha quando ele me desejava bom dia e eu não respondia; que quando me mandava boa noite eu nem me preocupava com o sono dele e assim, não respondia. Aquilo desgastou. Um culpando o outro; um torpedeando o outro, mas com palavras reais. Dois insensíveis. E quando eu queria esfregar na cara dele todos os torpedos que havia mandado, ele se hesitava em olhar, falava que não interessa mais e depois era ele quem queria vir mostrar a sua conta de celular, mostrando-me o quanto gastou em deixar mensagens na minha caixa postal. Eu nem uso caixa postal, a operado que colocou e eu não escuto.

No ano novo, brigamos porque o celular, um do outro não funcionava, não chamava e não nada. Carnaval, ele disse que ia pra casa da avó, mas não acreditei muito. Liguei diversas vezes e não me atendeu. Com certeza ele devia estar na farra e eu que fiquei em casa estudando e fazendo trabalhos da Faculdade, tive que aguentar ele me xingando por não ter respondido mensagens que nunca recebi. Um louco.

O único momento decente que tivemos foi na Páscoa que ao invés de mentir dizendo que me ligava, ele resolveu aparecer e eu não tive problemas com mensagens, mas não demorou a palhaçada acontecer de novo, nas minhas férias da Faculdade, ele sumia e aparecia, não dava sinal de vida, mandei ele enfiar o celular no meio do nariz por não me atender. E ele me mandou catar coquinho por não responder. Já estava ficando redundante a situação de nosso relacionamento, então, terminamos de vez e foi pessoalmente. Eu não queria estar com alguém que só atendia e me mandava mensagens agora que quisesse e ele disse o mesmo e ainda me chamou de farsante. Troquei meu número, mas continuei na mesma operadora, contudo, perdi alguns amigos e algumas festas. Perdi minha vida social, perdi quase tudo, só não perdi a esperança do mundo parar de me enganar dizendo que me ligou ou me mandou algum torpedo, afinal de contas, não são as operados as culpadas e sim a falta de decência do ser humano em assumir que esqueceu ou que não quis nos atender e responder nossas "sms". Sim, as operadoras são todas um amores, nós é que somos mentirosos.

Só que outro dia minha amiga ligou no fixo da minha casa e falou que tinha tentado se comunicar comigo através do meu celular o dia inteiro e só depois viu uma notícia na internet de que as operadoras estavam sendo processadas pela má condição de seus serviços e sinais a mais de um ano, foi então que descobri que a culpa não era minha e dele em si, era da merda do celular, da operadora e da nossa incapacidade de voltar a ser mais real ao invés de ficar dependendo tão somente dos meios eletrônicos para se comunicar e viver. Hoje estamos casados, moramos no meio do mato e aqui, nenhum celular funciona. Assim é bem melhor, vai que um torpedo antigo queira chegar num momento que não pode não é? Daí já era.

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