20 de janeiro de 2013

Deixando o Ursinho Ted

"Quando você ouvir o som de trovão não precisa ficar com medo. Apenas dê sua mão ao amigo e diga as palavras mágicas. Trovão vá se fuder, venha meu pau lamber. Você não pode me pegar porque eu sei peidar." (Tem uma versão dublada que o final é: "... o trovão era só o Pum de Deus.").



Não é sempre que alguma coisa desse tipo me chama a atenção, mas, chamou e eu quis vir escrever sobre um fato, um filme. Preciso colocar assim, em forma de texto o que sinto, estou sentindo desde que acabou; desde que o pensamento começou a trabalhar, desde que eu falei, chega! Calma, já que me entenderão.

Brincadeiras a parte, só uma coisa a dizer, primeiro, antes de tudo, não sei se já comentei por aí que tenho uma péssima mania de ouvir, ver, ler as coisas, depois de um tempo. Primeiro pela falta de grana e outra, porque tenho medo de fazer as coisas, pelo simples fato da massa em si estar fazendo. Gosto do tempo depois de tudo, que as pessoas, vão esquecendo aos poucos, assim, dou minha opinião, sem ser induzido a dizer isso ou aquilo e uma das coisas que sei que todo mundo (ou quase todos) já assistiram, foi esse filme do 'Ursinho Ted'.

Não vou fazer um release nem uma crítica do filme, mas ainda assim, quero atualizar em minha vida, ou na vida de algumas poucas pessoas que conheço, o fato que está em crescer, deixar de lado, abandonar para sempre e o que vier é lucro. John Bennett vive um relacionamento, como nós todos vivemos relacionamentos em todos os momentos da vida. Amor, amizade, trabalho... Tudo. Acontece que esse John (interpretado por Mark Wahlberg) é um pouco de nós, com medo de desvencilhar-se do passado, com aquela velha desculpa de que é "de infância". O cara do filme tem um urso, o Ted, um encanto, uma graça, o presente mágico de Natal que ganha vida e vem cá, convenhamos que se fosse assim na nossa vida, também ia ser difícil de abandona-lo. Os dois vivem em função um do outro, como Lori (Mila Kunis) mesmo diz, eles são gays. Brincadeira, claro, só que o que não é brincadeira, é a dependência que um tem do outro, John e Ted. Um é um urso de pelúcia e como tal, tem que se manter como o mesmo o tempo todo, mas não vive, pega mulheres, fuma baseados, se diverte na noite o outro, faz a mesma coisa, só que não pega mulheres, pois namora a tempos com Lori que acredita fielmente que está mais do que na hora do cara tomar decisões, ser mais adulto.

A princípio, tudo é lindo e fácil, mas não é. Olha nossa vida, olha nossos relacionamentos? Será que conseguimos deixar um pouco de lado o melhor amigo para iniciar outro momento, o de namorar, casar? Será que não conseguimos entender que aquela história de que "é amizade de infância" não cola mais a partir do momento que cada um tem que começar a tomar a decisão sozinha? Ou vai se casar e querer levar o amigo de infância pra morar em sua casa e colocar no meio, entre você e seu cônjuge? Por que não entendemos que as coisas mudam e a gente, tem que mudar também para não ficar sofrendo pelo que passou e sentimos falta? Aquela nostalgia? Claro que vai bater, mas temos que entender que crescemos e já não poderemos levar para sempre e nem para todos os cantos, os "ursinhos Teds" da vida.

O encanto tem que estar em cada etapa de nossa vida. Da primeira amizade, do primeiro cachorrinho, do primeiro amor, do namoro. Da primeira separação, no primeiro filho. Encanto pelo primeiro casamento ou pelo primeiro porre depois da separação. Tudo que é encantado perde a magia. E isso não é pessimismo, é realidade. A vida crua e nua, estabelece que cada coisa tem seu tempo. Não teremos para sempre os brinquedos de nossa infância e não devemos, precisamos aprender a esvaziar e deixar espaços para outras coisas. Não teremos para sempre a imaturidade dos oito anos, claro, tem pessoas que agem como bebês, mas isso é coisa para se tratar com um psiquiatra, de resto, a gente vai ter que deixar de lado, nem que seja por um momento, toda a nossa família para viver uma vida a dois e nisso inclui em abandonar amigos, brinquedos de infância, muitas tarefas. Mas também, teremos que colocar de lado o nosso namorado em um instante, para que possamos rever os amigos, a família. Só que a gente não sabe fazer isso. Ou um ou outro e por esse presente, temos que ser inteligentes o suficiente para então colocar, o que vale a pena, o que faz a diferença. No filme, o Ursinho Ted "morre", mas volta a viver. Na vida real, é melhor que o Ursinho Ted, ou arrume de fato outro dono ou "morra" e deixe que John possa seguir sua vida, a de adulto. A criança interior, não morre (e nem pode), mas do lado de fora, é preciso fazer escolhas e com vinte, trinta (anos) e assim por diante, a escolha está em ser melhor e não mais aquela criança inocente. Amizade é uma coisa, mas um "Ursinho Ted" em nossas vidas é outra. Claro, que também é perceptível o egoísmo de Ted em querer ter o “amigo de infância” o tempo todo, e aí? Onde John cresce e é ele, em suas vontades e decisões? Às vezes, uma inocente “amizade” esconde muito mais do que a gente pode saber, mas isso, cada um é que encontre.

2 comentários:

Rafael disse...

Desprender-se de quem te segura, por mais que lhe guarde sorriso e boas lembranças. Uma hora a vida tem de seguir adiante, e nada que te prenda poderá vir com ela. Confesso que pensei que seria um texto sobre o filme, mas foi um lindo tapa na cara realista que você fez aqui. :)

Anônimo disse...

Concordo com o nosso dignissimo blogueiro Rafael, foi um tapa na cara e porque não para mim mesmo. Sempre colocamos uma desculpa para não se desprender de algumas coisas de nossa vida, e na maioria das vezes sendo vinculados de nossa infância.

Confesso que com sucesso venho me desprendendo de um sonho antigo, mas diferentemente estou transformando-o para um proposito maior, pois aquela ideia antiga já não é tão apropriada no meio de tanto turbilhão social e mercadológico.

Enfim, acredito que só temos a ganhar quando deixamos de lado uma coisa que nos faz mal e nos atrasa, mas quando esta dá certo e se encontra no eixo positivo, só o que se pode esperar disto é uma transformação a favor de nossos objetivos ao encontro do sucesso pessoal. =)