4 de março de 2013

Questionamentos

De um tempo pra cá, isso conta-se dias, meses e anos, tenho questionado as coisas mais profundamente, mais invasivo, voraz, embargado com tudo o que foi e o que ainda pode ser, será? Tenho me questionado – e como dói questionar a nós mesmos – mais que antes, mais que ontem, muito mais que uns minutos atrás. Não sei se cresci de fato e a fase adulta me fez cair em divagações e perguntas ou se voltei alguns anos de minha vida, como por exemplo, na fase dos porquês, sei o que sinto agora, o que vejo e o que quero daqui em diante.

Um dos meus maiores questionamentos é sobre as verdades, absolutas ou não, as verdades que cada um tem ou esconde para si. Verdades não ditas ou aquelas jogadas aos ventos. O que é pura falácia e o que é sincero. Verdades reveladoras, verdades destrutivas, verdades que libertam e as verdades que aprisionam.

Que fragmentos a mente humana oculta? Por que tanto medo em dizer o que se sente, no que acredita e sobre o que é pessoal e individual. Tenho carecido de verdades, as minhas próprias e as dos que andam do meu lado. Verdades desconhecidas e clandestinas; verdades familiares e de amigos. Talvez ninguém esteja escondendo nada, talvez eu esteja meio biruta, mas talvez eu tenha escondido verdades que nem eu mesmo sei que estão ocultas ou que são de fato verdade.

Outra coisa que questiono, são as mentiras. Todo mundo mente, seja para prejudicar ou para ajudar, como dizem alguns. De um jeito ou de outro, somos verdadeiros em nossas palavras com alguns, mas mentimos para outros. Então não somos verdadeiros? Mentiras sinceras ou verdades desonestas? Qual o problema de nossa humanidade? Melhor, qual o meu problema diante o que é e não é; o que aparenta ser e o que nem de longe se é? Qual a razão por questionar demasiadamente quando sabemos que verdades não são eternas e que cada um traz em si o seu jeito de ver e fazer a vida?

Tenho questionado Deus em minha vida. Não me entendam mal e nem me julguem. Penso que tenho esse direito. Tenho o dever de questionar aquilo que eu soube que era e aquilo que eu penso que é. Por muito tempo Deus era um sujeito bondoso e misericordioso, mas contraposto a isso, ele julgaria e sentenciaria, ora iriamos todos para os céus, ora poderíamos abraçar o fogo eterno do inferno. Aprendi sobre um Deus que ao mesmo tempo em que dá o tal livre arbítrio, vai julgar minhas falhas e condenar os meus pecados. Mas o que são pecados? Existem verdades eternas? Infernos são lugares reais e tão ruins assim? E o céu? Não seria um lugar repleto de gente careta, tendo em vista que só os puros e bondosos subiriam até lá? E onde fica o lugar para os seres humanos de verdade? Lugares para aqueles que souberam amar e ao mesmo tempo, com o mesmo amor que teve, passou a odiar a tudo e todos a sua volta, por crise de rebeldia ou por grandes decepções? Teríamos que amar sempre? Mas e se não quiséssemos seriamos punidos por isso? Seremos punidos também pelas esmolas que não demos e pelas pessoas que deixamos de ajudar? Vamos ser condenados ao inferno pelo simples fato de não termos honrado pai e mãe? Não estou fazendo dizendo que o desrespeito seja uma forma boa de viver, mas também não podemos esquecer que o ser humano é diferente, uns amam e outros não enxergam tanto amor assim; que uns gostam de abraços e outros nem tanto e por sermos diferentes, por dentro e por fora, seremos julgados certos e errados? Questiono esse Deus que permite que homens comuns, como eu e todos aqueles que conheço digam coisas em seu nome. Talvez, o que realmente precisássemos, não fossem pessoas falando em nome de Deus, mas dizendo coisas que sua fé o faz viver. Acho Deus um tremendo paradoxo e desse modo, ninguém pode dizer com tanta exatidão assim o que é bom ou ruim; que o inferno é para os que não fizeram bem e que só vão para o céu todos aqueles que não praticaram o mal.

Questiono as pessoas que por algum motivo entram em nossa vida. Algumas de um jeito meio invasivo outras mais calmas, mas todas, do mesmo jeito, fazendo morada em nossa existência. Gente que vem e fica para sempre – ou quase sempre – e gente que vai sem se despedir. Gente que permanece e destrói nossa individualidade e gente que prefere partir para não machucar mais um pouco. Questiono os amigos, estão todos preparados para serem amigos de quem se é? Questiono a família que nascemos, perguntando-me sempre se de fato eu faço parte do mesmo circulo. Questiono e esse direito ninguém me tira. Pode ser que em partes eu seja incompreendido, mas sei também que em outras partes, só o questionamento nos fará conhecer o que é verdade para nós, deixando de atribuir verdades que são dos outros como sendo nossas e as mais sensatas.

E enquanto eu puder, quero questionar todas as coisas. Incomoda-me permanecer sem entender ou simplesmente não querer entender. Mesmo não tendo respostas que valham tanto a pena, quero questionar, recriar conceitos, instaurar em mim o que é bom e o que é ruim e aprender a não julgar o que o outro é, o que os outros entendem como sendo bom ou ruim. Quero apenas exercer o meu papel de ser humano que pensa e que por algum motivo entende que o questionamento faz parte da epifania de nossa própria humanidade. Não quero permanecer encarcerado nas palavras que os outros dizem, verdades que os outros vivem e nem permanecer estagnado nos questionamentos que somente os outros fazem. O que eu puder fazer para ser mais humano, assim o farei, sem me hesitar ou ter medo de queimar no fogo, afinal de contas, como não existem verdades absolutas, tenho tentado acreditar em minhas verdades. O resto à gente inventa e recria, só a nossa vida que a gente não pode viver de outra maneira, senão, ao nosso modo. Precisamos somente deixar de querer ser cópia dos outros e de pensamentos alheios, afinal de contas, pode dentro, cada um é cada um.

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