7 de maio de 2011

Nota de falecimento

A sociedade unilateral dos homens quadrados consternada pelo falecimento do que se diz respeito à cultura, convidam parentes e amigos para o seu falecimento.

Bom dia! Boa tarde! Boa noite! O que sabemos sobre cultura? O que nos dá direito de dizer que esse ou aquele grupo é ou não um amontoado cultural? Ficou fácil dizer que certas pessoas são sem cultura e que nós somos doutores da pluralidade. Sabemos o bastante e por isso o outro que não tem muito acesso, não sabe nada.
Quanta gente se ocupou em ler Nietzsche, Fante, Bukowiski, mas não leu a vida. Gente trapaceira e ordinária que se entregou as orgias ditas rodas literária, mas que construiu seus castelos na areia e viu tudo desabar quando um ser ignorante passou e sorriu sutilmente. O que fazemos? O chamamos de loucos e incoerentes. E por hora basta. Aliamo-nos as coisas mais preconceituosas do mundo e é o mundo o culpado por todas as injustiças. Desculpe-me meu caro, mas a coisa parte de um único ponto. Os grandes erros são os “letrados” de coisas intelectuais, mas burros no que diz respeito à vida.

Outro exemplo clássico de associar isso ou aquilo a cultura estão nas grandes obras de arte. Aqui, quadros belíssimos que são interpretados com profundidade por pessoas que entendem um pouco do assunto, porém, tem gente que sabe pintar a alma. E não digo da alma prosaica que talvez suba aos céus ou desça aos infernos. Falo daquilo que anima, que da sustentabilidade ao corpo. Penso que cultura é uma coisa de massa. Não de meia dúzia de seres pensantes, que bebem, falam algumas bobeiras, hora ou outra tende a ser mais sério só para não perder a credibilidade. Cultura é coisa do povo e não de alguns lugares que tocam coisas antigas. Não nego. Sou apaixonado por um Brasil mais distante. Mas o Brasil que culturalmente foi, era de fato da massa. Não se atreviam a estar com os homens de posse. Cultivava o povo, a razão social. Hoje, a música é boa, mas a obra em si é singular. Serve apenas para quem tem dinheiro e assim, afasta os menos providos de bens. Por essa e outras razões digo que cultura ainda existe, mas não está nas mãos dos grandes pensadores modernos, nem tampouco dos escritores contemporâneos. Não generalizando, creio que ainda tem gente do “povão” e é dessa gente que precisamos tirar algo que nos seja proveitoso.

Portanto, antes de julgamentos sobre a cultura alheia. Atente primeiramente a seu umbigo e perceba que você é só uma caixa de pensamentos e sabedorias, mas que não move em nada o mundo que vivemos. Digo por mim, e digo por vós também. O mundo não gira em torno de Sartre, Clarice Lispector, Karl Marx se não disponibilizamos o que sabemos para os que não sabem. Acredite. Sempre o outro conhece alguma coisa que a gente nunca ouviu falar e que só vai nos acrescentar, mas se quiser se reservar em um bar, numa roda onde só o que importa são os seus assuntos, assim o faça, mas tende sempre a consciência que tu não detém o poder de julgamento daquilo e daqueles que não conhece.

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