28 de maio de 2011

Re-la-ci-o-ne (Quase Alcione)

Coloco-me a pensar na dita arte de se relacionar. Pois é, nessa arte, cabe a cada coisa o ajuste das coisas desconcertadas e a sutil cara de pau de todos os interlocutores. Exatamente, relacionar consiste em matéria de vida e experiência contida nos encontros e despedidas dos loucos sonhadores que esboçaram uma rede de socializações com base no querer se unir a teia. Sozinho, de fato o que construímos são utopias e cartas registradas a ninguém. Pois é. Quantas e quantas vezes penso, logo não existo. Sou um anônimo no meio da multidão e me perco quando pronunciam de forma errônea meu nome e sobrenome. Não há construção de ponte sem o auxílio de mais de dois braços além dos que do cara que sonhou em tal obra. Pode ser que alguma tecnologia venha ajudar em algum momento de precisão, mas desconfio do ser, que em suas faculdades mentais estáveis, tente passar por ela. Nem sempre é fácil ser ponte, menos ainda o seu construtor, mas para o passante é algo perigoso e arriscado e o homem está com medo de se arriscar. Não se vive mais o amor, só se fala e ainda fala de um jeito sugestivo ao fracasso. E aqui falo por mim. Tem hora que é difícil acreditar que alguém ainda possa amar com o furor do fogo como já nos disse o poeta. Pois é, temos que nos envolver...
Uma coisa que acho incrível em uma de nossas primeiras ações para se aproximar de alguém que nos é estranho, vem das conversas paralelas nas quais travamos um assunto tantas vezes sem sentido, mas são legais e boas, retalhos que levaremos para a vida, tanto nossa quanto a dos outros. Não é de hoje as tagarelices que produzem eco nas entranhas sociais. Às vezes aprendemos mais irritando um professor com uma prosa irritante do que a aula propriamente dita. Bem, claro que isso surge um efeito um tanto que desconfortável e deve-se mesmo respeitar as normas de cada um, mas também não podem nos tirar o direito de “se” expor e falar. Às vezes falo tanto que percebo os calos na minha garganta, sei que irrito muito, mas esse sou eu. Não vou contra as regras, mas dentro de minhas limitações estou tentando me ajustar, adentrar ao requerimento do outro. Unindo a fome com a vontade de comer.
Dessas estranhezas que travei com o mundo fora de mim, nasceram também os dilemas. Nota dez para quem consegue que a vida se compadeça e não se entregue facilmente e sim, de outra chance. Nota dez aos obcecados em falar e nota dez aos que falam e sempre se estrepam no final. Talvez se tivéssemos a concepção de que somos para a maior nota da vida, compreenderíamos que podemos sempre buscar a superação e boa vontade de continuar. E nota onze e meio para o ser humano que consiga se relacionar e não pensa em fugir a todo instante. Gosto de saber e que saibam que cada um tem vida própria, exceto os bitolados, sistematizados e corrompidos por qualquer forma de coisa, esse tipo de gente merece apenas ser descrito em ensaios filosóficos ou em algum tratado antropológico, mesmo que eu venha a descrever esse tipo de ser em bulas de remédios para quem perdeu a vontade de sonhar e receitas azuis para que o afogamento das emoções não torne um fardo final.

“If we cut out the bad/Well then we´d have nothing left/Like I cut up your mouth/The night I stuffed it all in/And you lied to the angels/Said I stabbed you to death/If we go at the same time/They´ll clean up the mess.” Cut Up Angels – The Used

Um comentário:

Alex Monteiro disse...

Gostei do texto
Apesar de nunca gostar de textos assim
^^
PARABÉNS
http://farofanordestina.blogspot.com/