1 de outubro de 2012

Conta conjunta


E não é que unimos as nossas bocas, sim, nos beijamos e isso não é mais novidade, todo mundo já dizia, isso vai acabar em casamento. Ainda não chegamos lá, mas estamos caminhando para esse progresso em nossas vidas, dizer um "sim" perante ao juiz de paz e por falar nisso, acredito que estamos no momento exato de levantarmos a bandeira branca!

Tantas vezes já nos enrolamos no mesmo edredom, entre os braços, pernas. Nosso corpo já está junto há algum tempo, meses se bem me lembro. Nossos sonhos agora são outros. Passamos daquela fase de ficar num beco escuro, agora procuramos casa para casar, juntar os trapinhos também é uma boa ideia, o mais importante agora, é a vontade de estarmos juntos, um com o outro, em todos os momentos possíveis e impossíveis.

O nosso canto, nossa cama, tudo junto e misturado. Enquanto eu faço o café da manhã, tu levanta e vai pro banheiro fazer seu primeiro xixi do dia, aproveita e da descarga para que o que eu e você deixamos acumulados pela madrugada vai embora. Passo a manteiga no pão, você lava o rosto, eu coloco tudo sobre a mesa, tu me aparece com o cabelo todo despenteado e com aquela cara de que quer voltar pra cama, com a voz meio rouca, me diz "bom dia" e eu respondo com um sorriso, claro, pode haver aquele dia que ninguém fala nada e nem sorri, mas isso faz parte do pacote. Sei que queria acordar tarde, mas eu te chamei cedo, para que o nosso tempo seja desperdiçado juntos.

Nos arrumamos, logo cada um vai ajuntar suas coisas e partir, cumprir as obrigações diárias, mas se for sábado, vem faxina brava. Vou lavando a louça, enquanto no quarto, tu dobra os cobertores, junta as roupas que deixamos acumuladas pelo canto. Limpo a cozinha, você varre o quarto, grita que está tudo muito imundo, não respondo, faz parte do pacote. Passo um pano molhado na sala e nos encontramos pelo corredor, pode ser que nos abraçamos ou simplesmente um cobre o outro de alguma coisa que ainda tem que se fazer.

Jogo água nas plantas, organizamos juntos o quintal. Precisamos sair, ir pra feira, comprar verduras e legumes, essas coisas que vão murchar e apodrecer na geladeira, afinal de contas, ainda estamos acostumados com as comidas rápidas e nada saudáveis. Esperamos sinceramente que na velhice, tenhamos mais força de vontade de cultivar a nossa horta. Esperamos fielmente estarmos juntos, velhos e loucos.

Sentamos a frente do computador, hora de checar o Email com nossos nomes, coisas particulares deixamos para os nossos momentos, final de semana não combina com privacidade, alguma coisa, 'arroba' ponto br, mais ou menos isso. Que fofo, fulano nos mandou esses slides de fotos, com musiquinha irritante, vamos responder que amamos, mesmo não tendo aberto. Agora sim, um convite, checamos, não é algo que agrade nenhum dos dois, como resposta, veremos a disponibilidade, é dia do cachorro passear, pior mentira que inventamos, nem temos cachorro, mas que se dane. Rede Social conjunta, menos perigo, menos problemas, nossa senha? Dia, mês e ano que começamos a namorar, fica mais fácil, só espero que com o tempo não nos esqueçamos desse detalhe, senão, já era. Nada demais, antes, quando cada um tinha lá sua privacidade respeitada, os comentários e mensagens ocultar ferviam, mas nessa conta conjunta, ficou morno, quase que pro frio, as pessoas agora decidiram investir em casais que ainda estão vivendo as escondidas, suas loucuras e devaneios, já não temos mais tempo para as traições online, agora, a vida ficou séria, o relacionamento não é somente um status para ser curtido, poucos, só os seletos tem coragem de torcer por nós, para que possamos dar mais certo. Tudo junto, nós e nossas coisas e aqueles que tem coragem de nos motivar, deixamos para trás, os negativistas e pessimistas, que com extremo furor, de um jeito ou de outro, tentaram nos desconectar.

Mais tarde, almoçamos, eu lavo e tu seca a louça, ou vice-e-versa. Sentimos a preguiça depois da uma da tarde, então sentamos no sofá e zapeamos a televisão, em busca de alguma coisa engraçada para assistir e se não encontramos, paramos naquele canal, com aqueles respectivos artistas, coisa de sábado, coisa repetitiva, é uma mistura de torpor com monotonia, mas meu bem, faz parte do pacote. Dormimos no sofá, ou na cama, tudo depende de onde decidimos passar o resto da tarde, a noite, podemos ligar para alguns amigos, ou sair só nós dois, tomar uma cerveja ou um açaí, voltar pra casa correndo e ainda pegar passando a novela das nove, depois, ou saímos, ou ficamos deitado, conversando um pouco, falando meias verdades em tons de brincadeiras, mas é isso, o sábado acaba, dormimos, ou não, mas isso é coisa nossa.

Talvez despertemos num domingo chuvoso, ou numa segunda-feira ensolarada, mas estamos juntos, passamos no banco ao meio-dia, sentamos a frente do gerente, pedimos conta conjunta, ele nos sorri, talvez esteja gritando em seu pensamento a nossa loucura, ou festejando, acreditando que um dos dois é incontrolável nos gastos, mas que de um jeito ou de outro, o débito vai ser saldado, afinal de contas, serão dois cuidando de uma conta só, mas eu prefiro acreditar, na hipótese de que ele esteja a nossa frente, emanando toda felicidade e positividade do mundo, afinal de contas, agora somos conjuntos e não mais singular!

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