5 de outubro de 2012

Que frio



Dia cinzento, com chuva e bastante frio. Peguem-me de meia até a metade do joelho, bermuda, regata, mas por cima, um moletom, desses de zíper, aberta, um azul manchado de água-sanitária, culpa minha, que virei com tudo uma garrafinha de amaciante, achando que o líquido dentro era uma coisa, mas que era outra. Me enganaram, ou eu que com preguiça que me deixei enganar? Não sei, mas comodismo é, com o perdão da palavra, foda e é assim a vida da gente também, vamos nos acostumando a deixar que pessoas nos encham com suas coisas, mas que coisas seriam essas? Nem mesmo o Globo Repórter saberia explicar, pois é coisa para que a gente tente compreender, a duras penas, mas sim, comodismo, saia já de mim e de todos que está transbordando com as coisas ruins, não bastasse as próprias, com os líquidos mortíferos dos outros.

Mas aqui venho falar de frio, esse que o tempo trouxe, mas também enaltecer, a friagem aguda que trazemos dentro de nós, dos outros, das coisas. O que me faz sentir bem, é esse clima gelado, tenho um problema com o calor, que me deixa desanimado, sem vontade de muita coisa. Gosto de café quente, mas com sol fervendo, tenho que soprar o líquido negro dentro da xícara; não durmo ser estar coberto e o frio me proporciona a oportunidade de me sufocar debaixo dos edredons, o calor me retira o peso, no máximo um lençol, mas cai mais fácil da cama, pois me viro e reviro, debato comigo mesmo durante o sono e com calor, nem sempre consigo dormir, pois não satisfeito em me fazer suar, o tempo quente ainda nos traz como companhia, os pernilongos, baratas, essas coisas que só de pensar, dá vontade de sair correndo e ir morar em qualquer lugar que faça frio o máximo de tempo possível, mas por incrível que pareça, gosto um pouco de praia, daí sim o sol pode brilhar e ferver, só ali, depois, subindo a serra, frio por favor.

Embarguei o frio climático, mas queria falar sobre o gélido coração dos seres humanos, mas é complicado, pois esse é um embate constante, ora são os outros, mas em muitos casos, nós também somos uma parede de gelo, meu Deus, que frio.

Vivemos num momento histórico do refrigerador afetivo. Nossas conversas são mais gostosas nos chats e Redes Sociais da vida. Perdemos uma partida de risada e alegria para ficarmos em casa, vendo a novela, toda a mentira contada pela televisão, salvo os momentos de jornalismo, onde também é frio, conta o que quer contar, apoia quem melhor convém. Nossas amizades ficaram distantes, mas nos falamos por mensagens de textos por celular, as vezes dói o dedo de tanto digitar, mas não desistimos, afinal de contas, somos brasileiros, não é mesmo? Que nos doam os dedos, mas que nossos contatos estejam ali, para quando eu me conectar.

E se hoje estivesse aquele dia ensolarado? Se eu tivesse aberto a janela bem cedinho e me deparasse com o calor me inundando os poros? Será que eu teria coragem de me agasalhar? Não, claro que não. Ainda não inventaram o cobertor para o coração, alguns deram o nome de amor, paixão, mas isso esquenta em alguns momentos, ou só com algumas pessoas, mas na nossa vida, são muitos os que estão conosco, dividindo o palco, daí fica difícil.

Queria poder acordar e saber que tudo está quente do lado de dentro e que somente nos aproximamos de pessoas borbulhando de coisas legais e bem pra cima, porém isso é para outro momento, primeiro precisamos aprender a investigar direito, pois todo sorriso exposto, no fundo esconde alguma coisa, talvez uma lágrima esquecida a noite, um sonho fracassado, uma insatisfação. Além do gelo do tempo, estamos acostumados com o photoshop que a vida nos prega. Congelar, talvez nunca mais nos esqueceremos da telenovela que conseguiu paralisar os rostos, só isso, pois mais uma vez, gelo por parte de alguém que escreveu um enredo enfadonho. Acho, outra vez o frio vem nos abater. Já não temos, ou nunca tivemos certeza de nada, vamos achando e perdendo, sonhando e não correndo atrás das concretizações. Estamos na era da maquiagem absurdamente feita para esconder as olheiras; de casas com paredes cada vez mais grossas, para nos proteger de uma invasão. Nesse nosso tempo, estamos vestindo as grifes, para não sermos desmascarados em público, de que somos seres humanos, que mais que uma jaqueta de couro, estamos precisando é de atenção, menos gelo e mais tesão! Ai meu Deus, que frio, mas um frio de gente, pois de resto, um bom agasalho velho e muito café quente!

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