22 de novembro de 2012

À Velha Noel

Tenho saudade do tempo em que eu ficava até tarde da noite acordado, quase Natal, esperando para ver se o Noel chegava, mas nunca o vi, nunquinha, porém era na manhã seguinte que encontrava do lado da minha cama um presente, não era o que eu tinha pedido, mas era o que eu realmente precisava, algumas roupas, alguns trocados, mas um monte de sonhos e fantasias... Desculpe-me pela invasão através das palavras e perdoe-me também pelo jeito que escrevo, a tempos não vivo as cartas, não escrevo e não leio. Recordo-me dos dias de festas que embalaram a minha fase criança que o tempo faz questão de querer apagar, talvez eu esteja permitindo isso, é difícil ser um adulto com coração de criança, é difícil acreditar na magia do Natal que nos traz pela madrugada um bom velhinho nos trazendo presentes, mas é isso aí, tento até onde consigo.

Dirijo-me, não ao Papai Noel que deve estar ficando louco de tantos pedidos, de tantas obrigações. Recorro a uma senhora quase nunca lembrada, quase sempre poupada de tarefas natalinas, que vez ou outra é colocada sem destaque do lado da carruagem, sim, venho conversar contigo, minha querida Mamãe Noel, pois foi assim que aprendi na vida: honrar primeiro elas, as meninas, as mulheres, as vovós, nunca desmerecendo a importância do homem, mas ciente de que é na maternidade que começamos a colher os louros de nossa vida.

Mãe - Noel, de sangue, da vida, mulheres - eu hoje venho aqui, à um mês e tanto do Natal para pedir-te coisas para o próximo ano, pois já não me interessa o resgate e nem coisas de desejo que tive e não consegui e se não obtive, foi porque não mereci ou não era assim tão bom para mim, quero para depois e não para agora, quero para os próximos novos trezentos e sessenta e cinco dias, pois bem, não é grande o que peço, mas sinta-se a vontade em conceder ou não, afinal de contas, tu és mãe e não tem por obrigação satisfazer caprichos.

Quero mais paz na vida; mais axé nas coisas; mais bom humor. Quero um pouco daquilo que dizem que é bom, mas também quero o que não é bom, sou humano e preciso aprender. Talvez eu esteja pedindo demais, porém tem mais outras coisinhas, como por exemplo, um pouco mais de valorização, um pouco mais de educação e muito bom senso. Menos lições de moral e mais cada um cuidando da própria vida. Quero mais musica boa, mais textos escritos com a alma, quero as coisas simples que de tanta complexidade de nossa visão se tornam difíceis, portanto, quero uma coisa mais que tudo: a capacidade de ser gente no momento que eu estiver a beira da loucura e entender que toda loucura surge no momento em que nos esquecemos de viver a nossa humanidade.

Despeço-me aqui minha querida mãezinha; deixo-vos um beijo meu e de todos aqueles que conseguem viver a vida sem querer entende-la. Beijos de luz, um bom fim do mundo e feliz Natal. Espero-te mais uma vez na janela do meu quarto, com o presente mais importante de todos: sua presença.

Um comentário:

Jéssica do Vale disse...

Nossos sonhos de quando criança
são sempre tão doces, de pura inocência.

(nostalgia)