12 de novembro de 2012

Incomodado


A vida, dizem que se abre quando realmente queremos! Que as coisas acontecem da forma como buscamos, e que lá na frente tem um porto onde poderemos descansar depois de tanta caminhada, de tanta luta e batalha conquistada. Pode até ser, mas pode também não ser. A vida é boa? Estou à procura dessa verdade! O que é bom para uns não é para os outros? Isso é bem verdade. Tenho vivido o lado avesso do otimismo, o lado de dentro, aquele que só a gente conhece.

Nem sempre desistir será errado; nem sempre deixar de querer é renunciar nossa missão; nem sempre deixar de gostar de alguma coisa será alvo público de fracasso. Hoje tenho recordado os velhos sonhos não conquistados, investigando porque não consegui, porque não obtive sucesso em alguns parâmetros na vida. Talvez, digam alguns, não fosse o que "Deus" reservou para mim; talvez, dirão outros tantos, que não "chegou a hora" ainda, mas que hora é essa? E o que é que Deus preparou para mim? O que é de responsabilidade dos cosmos e o mais importante: o que é de minha responsabilidade? O que eu devo esperar? O que não preciso nem sequer ousar em sonhar? O que é de fato realidade em minha vida e o que são as mentiras contadas por tantos que circundam metas diferentes. Por que não posso desistir? Por que não posso dizer meia-dúzia de palavrões quando o meu calo aperta? Por quê? Por que as vidas se encontram e se dissipam tão rapidamente? Por que não conseguimos ser entendidos como somos? Até quando a projeção dos outros sobre nós mesmos será a de que alguma coisa valha a pena, quando pra gente não tem fundamento algum? Por quê? Quando? Pra quê?

Quem definiu o certo e o errado? Quem foi o infeliz que ditou o que era belo e o que não passava de mero objeto de aparência escrota? Por que dizem que o choro pode durar uma noite e a alegria vem de manhã, sendo que nem sempre acontece isso. Se chorei ontem, o máximo que pode acontecer é eu levantar sem lágrimas para chorar, mas o pranto continua do lado de dentro, mesmo que a gente não perceba. Quantas vezes nos enganamos a tal ponto de acreditar que estamos prontos a seguir viagem? O que a gente pode ter? Por que temos que nos conformar com a realidade? E por que temos que ir além das nossas próprias razões? Por quê?

Por que o mundo nos mente conquistas; mentem-nos afetividades, nos enganam até que um dia a gente levante ciente de tudo que fomos burlados? Por que as pessoas fazem o bem esperando pelo bem? Por que o mal é pago com o mal? O que é o bom, o ruim e o relativo? O que é que eu posso dar e o que eu não posso ceder? Até onde estou disposto a ser o que os outros querem? E até onde eu não fazer absolutamente nada?

A metáfora do virar da página é mentira. Não temos como recomeçar se ainda não terminou, completamos um ciclo. Os pontos finais nem sempre delimitam a conclusão, pois sabemos bem que tem outras coisas a virem. Por que eu não posso simplesmente rabiscar ao invés de fazer rascunhos? Por que eu não posso me manter acordado quando o sono me bate? Fraqueza do corpo ou nossa fraqueza diante da vida? Por quê?

Por que a gente só vai até aonde dá? Por que não conseguimos estender os braços como deveria? Por que não encontramos a melhor fronha para as nossas lágrimas? Por quê? Por que a gente tem somente o que merece? Cadê a inspiração que é capacidade intima dos seres, como por exemplo, a terra sem vida, sem planta, que encontra na vida retirante dos pássaros, sua forma de ver desabrochar novas flores e frutos, porque ali foi semeadas flores e sementes? Cadê a inspiração da nossa gente? Cadê? Por quê?

Sinto-me agreste e minha imaturidade é o que me faz enxergar as coisas com olhos secos. Estou infértil, acreditando no voo dos pássaros sobre minha incapacidade de devolver, desenvolver aquilo que o mundo espera. Sinto-me no meio da estrada, mas a diferença é que não tem várias saídas, e eu me percebo parado, mesmo querendo ir; acho-me estagnado, quando a verdadeira situação é que tentei tanto e o máximo que consegui foram inspirações poéticas para descrever a cena, o local e a falta do clímax de minha mocidade! Tem hora que não me encontro e não sei se me permito ou não, mas também não me acham...

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