Quero prosear sobre o fim dos relacionamentos, mas sobre os inícios que esses momentos nos dão também. Nem sempre romper com os afetos é assim tão fácil e quem foi que disse que seria fácil não é? As vezes tento discordar das coisas, principalmente do que é fácil e não é, do que vem e do que precisa ir, mas sobre o amor, a gente fala meias palavras, cozinha verdades cruas, cospe verdades não ditas e chega o momento em que é necessário acabar, romper. Não vejo o amor como muitos por aí, que dizem que se é amor de verdade, não acaba, mentira. Tudo na vida acaba. O amor acaba, como amizades se dissolvem. Assim como a morte rompe com a vida, o fim do amor instaura os pontos finais, algumas pausas às vezes, mas sempre culminando num ponto final.
O que precisamos entender e compreender é que sim, "o pra sempre, sempre acaba" e o que a gente vai querer levar depois que tudo acabou? Uns levam a lembranças, penosas ou não, poucos são aqueles que conseguem manter a estribeira diante do fim, raros são aqueles que enxergam no rompimento da união uma porta aberta para novas experiências e muitos são os que param, tentam fechar o coração e avida, sofrem de um jeito que não se é necessário, perde a esperança, ataca aquele que decidiu partir, sai por aí como se fosse vítima, veste-se de justiceiro, quer ser superior, aquelas situações que muitos bem sabe que acontecem no fim de cada relacionamento.
"O amor é um caso sério e tem lá os seus mistérios" e é isso que a precisamos entender. O mistério que há no amor, nas causas, nos momentos e entender que a magia uma hora vem ser desmascarada, que o mistério vem ser provado em público e que se chegou ao fim, é hora de virar a página, recomeçar, principalmente de onde paramos, pois antes de assumirmos algo com alguém, tínhamos muitos planos, vários sonhos, um monte de objetivos, mas que as vezes a gente deixa isso tudo adormecido para os planos juntos, os sonhos compartilhados e os objetivos que possam se chegar juntos, mas lá, bem atrás existem coisas ainda não terminadas, momentos e situações nossas esquecidas num passado meio presente e não é regredir e sim parar de tapar o sol com a peneira, de colocar pedras onde ainda há buracos enormes, de tentar tapar os ferimentos esquecendo de cuidar-se. O amor chegou ao fim? Vire a página, há tanto a se fazer, tanta gente a se conhecer, situações e sonhos a se perseguir, momentos novos a conquistar, gente a se revisitar, pessoas a entrar e sair de nossas vidas. Pra que tornar um inferno o que já foi decidido, mesmo que só por uma das partes? De que adianta os ataques e a infantilidade diante da situação perdida? Pra que serve os fins senão para os recomeços?
O amor de verdade é aquele que nasce todos os dias, independente de termos alguém nos esperando na mesa do café da manhã; ou alguém que vai nos ligar muitas vezes por dia. O amor está em nós e quando percebemos que acabou o amor em cada coisa que nos é particular, não é momento de culpar os outros por isso e sim a hora de se olhar no espelho e perceber que já não dá mais e a partir desse momento, tentar investir um pouco mais na real situação particular, para que assim possa mais a frente dizer que ama certa alguém, pois só se ama aquele que tem amor, por dentro, por fora, dos lados, pra dar, pra doar e finalmente receber. O amor é isso, é presente e não mais o que passou, acabou? Vire a página, recomece, reinvente, sonhe e busque.
¹ Frase de Juliano Mendes.
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