10 de dezembro de 2012

Oi, posso falar?


Oi, não cumpri o tratado e resolvi escrever. Se eu fosse Camila Jam diria: "Escrevo porque preciso, melhor, vivo porque escrevo.". Resolvi colocar para fora essa minha vontade de gritar a todos os seres humanos que direta ou indiretamente fazem parte de alguma coisa que me diz respeito. Isso, sim. Valor. Isso talvez soe como lamento, ou desabafo, ou seja lá como for e que cada um interprete a sua maneira.

Quase final de ano e é hora de fazer balanço. Sobre os amores, sobre os afetos, sobre amigos. Sobre quem entrou e ficou; sobre os que se foram e principalmente sobre os que pedimos que fossem. Momento para refletir o que fizemos por nós, pelos outros e o que deixamos de fazer e também de ver o que fizeram ou não por nós (mim). Sim! Desculpe-me, mas não sou obra de caridade e do mesmo jeito que posso, tanto por simples querer ou por mera obrigação, ajudar, fazer acontecer, o mesmo tem que acontecer de modo contrário. Por que eu posso passar noites em claro preocupado com alguém e não ser pelo menos por um instante ser preocupação de alguém? Por que eu posso ligar e dizer que estou com saudade, marcar um encontro e o mesmo não pode ser feito por quem diz pensar, sentir o mesmo? O que torna diferente em eu passar o dia inteiro sentado atrás de um computador fazendo, ajudando, auxiliando os trabalhos dos outros e esses mesmos não reconhecerem e darem o devido valor? Por que as pessoas pagam por cervejas, por festinhas e não entendem que eu também mereço ser remunerado naquilo que faço? Qual? O que torna as diferenças coisas que eram para serem basicamente iguais? Comodismo? Desleixo? Tanto faz?

Por que eu posso sair da minha casa num sol infernal e o mesmo os outros não podem fazer? Onde estão as duas vias das relações, tantos afetivas no que diz respeito a namoro, amizades, coleguismos, de trabalho? Onde está o bom senso do ser humano em retribuir o favor oferecido, a mão estendida, a ligação retornada? O que é diferente nas minhas obrigações que torna desnecessário diante dos outros? Sim, esse é mais um daqueles textos, onde o valor dado não é o mesmo retribuído e mais uma vez eu digo, repito e grito: NÃO SOU OBRA DE CARIDADE. E ninguém é. Todo mundo de certa forma está esperando alguma coisa em troca e por que eu não posso? O que me torna diferente dos outros? Por que eu tenho que estar sempre alerta, ser atencioso, prestativo, correr e fazer acontecer e quando é minha vez, quando o necessitado sou eu, ninguém faz porra nenhuma? Simplesmente julgam as minhas necessidades, fazem cara de pouco caso as minhas coisas e não se dispõe a estender o braço. Uma coisa eu sempre estive certo, mas não quis acreditar porque sempre agi de maneira diferente: que os seres humanos só estão dispostos a ir até onde não tenham que fazer tanto esforço, do mais, é isso. Mas isso tudo é muito bom. Saber que a preocupação dos outros são outras coisas, que as vontades dos outros são outras vontades quando diz respeito a um eu totalmente desbocado. Bom que assim eu aprendo a ser menos babaca e da próxima vez, manda tomar naquele lugar ao invés de me preocupar, me importar e me colocar a disposição. E que entendam que essas são minhas verdades, portanto, respeite-as, afinal de contas, na hora de julgar, todo mundo julga, mas na hora de ser alguma coisa que presta e valorizar pelo menos um pouco, aí é que são elas não é?

Que seja assim, bom, muito bom o momento de reflexão de cada um, pois esse é o meu: sobre pessoas, valores e outras coisas!

Um comentário:

Luiz Sérgio Cardoso disse...

O apelo é digno. Na verdade, extremamente digno. Por muitas vezes eu quis me enfrentar, e levar uma vida pela escrita. Isso sempre me saciou aquela fome de "fazer o que eu quero e gosto", não sei se é essa a interpretação correta que eu deva fazer sobre o que você escreveu, mas se for o caso, esse é a bela merda de mundo que nós vivemos. Não sei mais se os amores, as coisas de uma forma geral tendem a ser gentis nesse mundo, bom, um dia foram, mas creio que não estamos em condições favoráveis a isso. Eu acho que parar para ler o seu texto inteiro, hoje em dia, já é pra se comemorar. Respeitei a manifestação, e pelo menos em ideia, saiba que não está sozinho. Pois também pude aderir a sua linha de pensamento.