Quem e o que são os
doentes da antiga e nova geração? Quem carece de cuidado especial? Os que por
algum motivo se encontram em um CID ou o resto da população que de uma forma ou
de outra se deixa viciar pelo conformismo, pela doença do ter, pela síndrome do
poder adquirido? Quem são os doentes? Os nossos pais que mensalmente passam por
consultas laboratoriais ou nós que diariamente, hora a hora passa por consultas
que chamamos caracteres e terapias, onde quem nos trata é o outro, aquele que
nos lê; aquele que nos curte; todos aqueles que nos compartilham por aí? Quem
são os doentes? O que a secretaria de saúde dá como doente ou nós que de um
jeito bem medíocre não levanta mais para a vida real? Nossa gente não sai mais
de casa porque têm os melhores computadores do mundo, os melhores celulares
da época, mas as piores manias de achar que só isso basta e esquece-se do mundo
lá fora, esquece-se dos amigos reais e trocam pelos virtuais e, se não pela
vida cibernética, acomoda o traseiro numa poltrona e vicia-se em séries e
filmes e já não tem mais a capacidade de criar o filme que nossos antepassados
foram capazes de criar, pois não tiveram tempo e meios para se adoecerem com as
coisas que vem tão fácil.
A 'galera' decidiu a
forma de viver; a turma toda está doente e ninguém vê ou diz que está! Por mero
conformismo e acomodação, não sei, mas a minha geração é essa que se adoeceu,
mas os de meus pais também estão doentes, afinal de contas, de um modo ou de
outro, incitam o jeito que minha gente vive, talvez pelo medo que o mundo lá
fora traz ou por querer manter debaixo das asas aquele que por algum motivo
pode se desvirtuar.
Com os tempos de
hoje, estamos nos acostumando e acostumados a fingir, a dissimular 'afeição'.
Finge-se o amor por quem não tem; mente o carinho e o respeito que não convém.
A forma de retribuição é condescendente. Falamos somente o que nos agrada e
agrada os que nos são afins, já não somos incitados ao debate e toda forma de
opinião é velada e cruelmente massacrada pela massa do mais ou menos, isso aí,
quem sabe... Nossa geração é essa que sofre a ditadura do vai com a onda e
abraçando os Maria-vai-com-as-outras, deixamos de lado os nossos valores - em
primeira pessoa do singular- para viver morais e costumes dos outros. Nossa
geração, como diria Tiririca, é abestata demais e não aceita ‘nãos’ como
respostas, são instigadas a permanecer acomodados, sentados, digitalizados,
como se não existissem na vida real. Quer-se apenas o poder, para que? Para
dizer que comanda a própria vida, que manda e desmanda só que esse poder apenas
dá a título de conhecimento que você não é você e você não é o outro, você é
alguém que não existe, a não ser nos números das estatísticas.
Somos os bicos e
invadimos festas de quem nunca nos viram. Já não temos amigos para sempre,
agora estamos atados os amigos de algumas horas, de alguns momentos, por algum
tempo.
De fato, consagramos
um monte e deixamos de lado o protagonismo de nossas vidas; tornamo-nos apenas
espectadores e deixamos de lado o papel principal. A vida faz sim de música, de
livros, de política e de um monte de outras coisas, porém, colocamos essas
coisas como principio de nossas vidas, como ponto de partida e já não temos a
capacidade de sermos senão cópias daquilo que nossos artistas favoritos
escrevem, atuam, cantam. Sou teatro sem plateia e plateia sem ator principal –
que seriamos nós mesmos. Alimentamo-nos com mentiras e não digo de verdades
absolutas e suas variáveis. Enchemo-nos daquilo que não é para a gente, do que
não nos torna nem pior e nem melhor, simplesmente nos paralisam. Já não sabemos
que sonhos são nossos e reais; temos medos, mas não só por nossas coisas e sim pelo
que os outros dizem; deixamos de ser reais para sermos caracteres e mais uma
conta na internet. E já não estamos mais espertos. Com o que? Conosco mesmos.
Somos alienistas e
não se discute, pois não temos mais argumentos!
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