18 de dezembro de 2012

O Alienista


Quem e o que são os doentes da antiga e nova geração? Quem carece de cuidado especial? Os que por algum motivo se encontram em um CID ou o resto da população que de uma forma ou de outra se deixa viciar pelo conformismo, pela doença do ter, pela síndrome do poder adquirido? Quem são os doentes? Os nossos pais que mensalmente passam por consultas laboratoriais ou nós que diariamente, hora a hora passa por consultas que chamamos caracteres e terapias, onde quem nos trata é o outro, aquele que nos lê; aquele que nos curte; todos aqueles que nos compartilham por aí? Quem são os doentes? O que a secretaria de saúde dá como doente ou nós que de um jeito bem medíocre não levanta mais para a vida real? Nossa gente não sai mais de casa porque têm os melhores computadores do mundo, os melhores celulares da época, mas as piores manias de achar que só isso basta e esquece-se do mundo lá fora, esquece-se dos amigos reais e trocam pelos virtuais e, se não pela vida cibernética, acomoda o traseiro numa poltrona e vicia-se em séries e filmes e já não tem mais a capacidade de criar o filme que nossos antepassados foram capazes de criar, pois não tiveram tempo e meios para se adoecerem com as coisas que vem tão fácil.

A 'galera' decidiu a forma de viver; a turma toda está doente e ninguém vê ou diz que está! Por mero conformismo e acomodação, não sei, mas a minha geração é essa que se adoeceu, mas os de meus pais também estão doentes, afinal de contas, de um modo ou de outro, incitam o jeito que minha gente vive, talvez pelo medo que o mundo lá fora traz ou por querer manter debaixo das asas aquele que por algum motivo pode se desvirtuar.

Com os tempos de hoje, estamos nos acostumando e acostumados a fingir, a dissimular 'afeição'. Finge-se o amor por quem não tem; mente o carinho e o respeito que não convém. A forma de retribuição é condescendente. Falamos somente o que nos agrada e agrada os que nos são afins, já não somos incitados ao debate e toda forma de opinião é velada e cruelmente massacrada pela massa do mais ou menos, isso aí, quem sabe... Nossa geração é essa que sofre a ditadura do vai com a onda e abraçando os Maria-vai-com-as-outras, deixamos de lado os nossos valores - em primeira pessoa do singular- para viver morais e costumes dos outros. Nossa geração, como diria Tiririca, é abestata demais e não aceita ‘nãos’ como respostas, são instigadas a permanecer acomodados, sentados, digitalizados, como se não existissem na vida real. Quer-se apenas o poder, para que? Para dizer que comanda a própria vida, que manda e desmanda só que esse poder apenas dá a título de conhecimento que você não é você e você não é o outro, você é alguém que não existe, a não ser nos números das estatísticas.

Somos os bicos e invadimos festas de quem nunca nos viram. Já não temos amigos para sempre, agora estamos atados os amigos de algumas horas, de alguns momentos, por algum tempo.

De fato, consagramos um monte e deixamos de lado o protagonismo de nossas vidas; tornamo-nos apenas espectadores e deixamos de lado o papel principal. A vida faz sim de música, de livros, de política e de um monte de outras coisas, porém, colocamos essas coisas como principio de nossas vidas, como ponto de partida e já não temos a capacidade de sermos senão cópias daquilo que nossos artistas favoritos escrevem, atuam, cantam. Sou teatro sem plateia e plateia sem ator principal – que seriamos nós mesmos. Alimentamo-nos com mentiras e não digo de verdades absolutas e suas variáveis. Enchemo-nos daquilo que não é para a gente, do que não nos torna nem pior e nem melhor, simplesmente nos paralisam. Já não sabemos que sonhos são nossos e reais; temos medos, mas não só por nossas coisas e sim pelo que os outros dizem; deixamos de ser reais para sermos caracteres e mais uma conta na internet. E já não estamos mais espertos. Com o que? Conosco mesmos.

Somos alienistas e não se discute, pois não temos mais argumentos!

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