10 de maio de 2013

Listas imundas e mesquinhas

É que às vezes, surgem por aí, algumas listas com dezenas de coisas a se fazer. Fazer para ser feliz. Fazer para se sentir plenamente realizados. Fazer para ficar rico. Fazer, fazer e fazer. E se não fizermos? E se não seguirmos adiante com as correntes que prometem que nossa vida vai mudar do dia pra noite? E se não seguirmos em frente com a simpatia que nos promete o amor de nossas vidas a nossos pés? Será mesmo que são infalíveis essas dicas e maneiras para se chegar a algum lugar? Por que vai funcionar com todo mundo? Afinal de contas: por que não deu certo comigo?

Segui fielmente todos os passos daquelas imensas listas de afazeres que me prometeram viver feliz para sempre e estou aqui me sentindo um fracassado, mais infeliz do que nunca, mais derrotado e sem forças para continuar a viver. Um minuto. Fiz e não deu certo. Por quê?

Talvez não deu certo porque coisas desse tipo não funciona com gente que pensa e que vê que existe uma coisa que essas besteiras não colocam em seus rodapés, que é simplesmente a nossa singularidade. Sim, isso mesmo. Somos únicos e mesmo que passemos por situações semelhantes, não são esses os meios que nos conduzirão a lugar algum. Tudo bem, que até certo ponto a coisa funcione, mas uma coisa é fato: de que sempre vamos buscar alguma coisa. Nada se encerra depois de cumprir com os ritos e passagens descritos nesses manuais de autoajuda; nada vai acontecer somente porque seguimos aqueles fatídicos meios de sobrevivência. É péssimo esse habito de criar um roteiro, seguro de que tudo vai dar certo. Pior que isso, é deixar-se engabelar por meia-dúzia de promessas que não irão acontecer.

Não podemos menosprezar que essas guias ou essas dicas para se chegar a algum lugar muitas vezes ilustram bem alguns passinhos que devemos seguir, mas, sabendo que somos diferentes e que reagimos distintamente uns dos outros, precisamos é de jogo de cintura e um pouco mais de criatividade. Também, se faz necessário o uso do bom senso. O que? Tocamos num assunto muito em extinção em nossos meios. O bom senso, quando praticado nos alivia de muitas dores. Só que em tempos de coisas totalmente mastigáveis, o que nos resta é exatamente isso, fazer o que todo mundo faz, pois se deu certo para uns, consequentemente dará certo para nós também e se não deu certo para um determinado grupo, dará completamente errado para mim. Grande erro o nosso de julgar tudo que é dos outros, como sendo fatores determinantes para as nossas escolhas. Robotizamos a nossa individualidade e assim, servimos de bonequinhos nas mãos de sujeitos que um dia acordam e inspirados escrevem algumas formas de se viver e dá certo para eles e depois, achando que vai fazer bem para a humanidade, sai por ai ditando a forma mágica de se viver e ganha dinheiro, prestígio, notória visibilidade e mais preocupado em popularidade, não vai checar um a um se de fato ocorreu o bem que ele sentiu com aqueles que determinaram seguir seus passos. Criam-se bulas e acreditam terem encontrado o elixir da vida eterna, o elementar para a suprema felicidade. Só que não! Transformou por aí, muitos seres que tornaram acreditar que são mesmo uns fracassados. Plantou em mentes desocupadas e preocupadas, uma semente do mal. Mal pelo fato de que se esqueceram da humanidade alheia, tratando os outros, como cobaias de experimentos fajutos e bastante prejudiciais.

Pode ser que venham a dizer que tudo isso é bobeira e que seguir uma dica aqui e outra ali não faz mal a ninguém. Será que não mesmo? Será que não conhecemos pessoas que fizeram o que algumas listas veiculadas por ai e não dando certo se sentiram a escoria da humanidade? Será que não conhecemos aqueles viciados em autoajuda que buscam alguma coisa, porém não sai do lugar? Será que esse tipo de coisa não nos paralisa a tal ponto que chegamos a acreditar mesmo que não chegou a nossa hora de sermos eternamente felizes? Não estariam brincando demais com a sensibilidade daqueles que já não aguentam mais tanta desilusão? O fato de tratar todas as dores como se fossem iguais não é o suficiente de pararmos um pouco e pensar que não é assim que se faz? Que direito tem de se criar uma dezena de passos a ser seguido? Gente assim não está querendo ser um deus qualquer manipulando outros seres como quaisquer? Um ser humano comum, que não estude o comportamento da mente humana tem o que falar e fazer com que o sigam? Todos agora se tornaram terapeutas?

Com essas coisas de criar leis a serem seguidas para que a vida melhore, ou controle o ciúme, ou que seja eternamente feliz é balela. Salvo em casos onde exista um ser preparado para questionar e levar aquele que busca esses meios a pensar um pouco por si próprio. Inventam listas, mas ainda assim, não inventam uma maneira pratica e eficiente de fazer com que o ser humano, deve saber caminhar um pouco sozinho, sem se tornarem dependentes dessas tarefas medíocres. Só devemos pensar e lembrar, a todo instante, que o ser é singular no que concebe a sua existência. Listinhas e passos influenciam muito mais do que ajudam, pois cada um tem um caminho a trilhar e coisas assim, querem fazer simplesmente que cruzem todos os mesmos caminhos e passem pelas mesmas portas e nós bem sabemos que não é bem assim que funcionam as coisas não é? Os caminhos e meios são diferentes. As portas são diferentes, para pessoas diferentes. Não adianta querer empurrar, pois se não é o caminho certo, pessoas se machucarão e com toda certeza do mundo, não chegarão a lugar algum e quanto a isso? Quem se responsabiliza? Ninguém. É mais fácil, depois de ditar regras, abandonarmos aqueles que foram “guerreiros” caídos por aí. Dá menos trabalho e logo, passa um outro sabichão e lhe enfia goela abaixo, outra lista e outra...

2 comentários:

Marcela disse...

A vida é assim, cheia de "regras" e "modinhas" que tentam nos impor em qualquer circunstância...
Mas a realidade é que cada pessoa tem seu proprio caminho, não existe receita para viver.

http://mmelofazminhacabeca.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Belo texto. Só entendo que quando vc cita leis que devem ser seguidas eu discordo. Leis devem ser respeitadas e não necessariamente seguidas.
Abrtaço

Via Twitter @02h00m