22 de agosto de 2013

O Sete

Quando olhei para trás, vi que um sujeito vinha. Não em minha direção, mas caminhava na mesma direção que eu ia. Calçada pequena, mas as pessoas para desviar umas das outras, descem das calçadas, atravessam as ruas, fazem qualquer malabarismo para que um esbarrão não aconteça, só que ele, o que via que vinha na mesma direção que eu ia, não desviou, encostando-se a mim, parte do seu corpo ao meu corpo, bem, teu braço no meu braço. Seu braço forte a meu braço magro, fininho. Nos seus braços, agora os dois, depois da ultrapassada que me fez, vi tatuagens, escritas em sânscritos ou algo do gênero, algo que não sei dizer o que significava e nem que consiga desenhar, mas que se ver, saberei de quem é.

O que me chamou mais a atenção, não foi o fato de ele ter essas tatuagens nos braços e nem por ele ter um corpo definido, aliás, ele estava sem camiseta, com uma mochila dessas que ciclistas geralmente levam em suas corridas em mãos e também não foi isso que me despertou de um torpor qualquer no centro dessa cidade chata e rabugenta. Teve algo a ver com tatuagem, mas não eram as dos braços e sim um número “7” nas costas, próximo a nuca e eu tentei, ainda tento entender os motivos do 7. Por que um 7? Que significa um número 7 tem na vida de alguém? Enfim, ainda estou divagando todas as possíveis respostas dentro de mim e fora o fato dele não ter desviado e encostado em mim, esse número “7” também me chamou muita a atenção.

Ele podia ter se virado a mim quando encostou e ter pedido desculpas, mas não virou. Vai ver ele nem percebeu que tocou em mim ou se percebeu, não se importou, pois dentro de ti também poderiam estar milhares de pensamentos a cerca de alguma coisa que fosse mais importante que o simples esbarrar em alguém por aí que ele nem sabe quem é e que nunca mais verá novamente por aí, mas ele tinha tatuagens, entre ela um número 7 próximo à nuca, uma mochilinha na mão e usava boné, não pra trás e nem pra frente, meio de lado, um jeito dele de usar um acessório e acho que ele não tinha cabelo, era careca e eu também estou usando boné pelo fato de estar deixando meu cabelo crescer um pouco para ver o que farei daqui uns meses, mas era isso.

Gosto de números e eu gosto do número sete, aliás, eu acho o número 7 um número incrível. É místico e traz um movimento forte para quem acredita nessas coisas e então, procurei alguns significados. Para Pitágoras, o número 7 é sagrado, perfeito e poderoso. É o número que marca a passagem do conhecido para o desconhecido. Combinação da soma de 3 (triângulo, alma) mais 4 (quadrado, matéria). 7 é o Espírito da Terra, alma servida na natureza. Número da transformação e foi no sétimo dia que Deus descansou depois da tão trabalhosa criação do mundo. Menorah, candelabro de sete braços que para os judeus representa de um lado a divisão em quatro partes da órbita da Lua, que tem duração de 4 vezes sete, quanto os sete planetas.

7 são os dos do espírito (fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor de Deus); 7 são as virtudes (amor filial, reverência pelas coisas sagradas, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo[1]); 7 são as artes (música, dança, escultura, literatura, cinema, teatro e pintura); 7 ciências (dialética, retórica, música, aritmética, geometria, gramática e astronomia); 7 sacramentos; 7 pecados capitais; 7 pedidos ao Pai-Nosso; 7 são as linhas da Umbanda...

Sei que fiquei pensativo. Um sete que marcou. Um toque que revelou a existência de um espaço que não foi respeitado, mas que mesmo assim, não foi uma invasão ao qual não estamos dispostos a dar uma brecha na nossa historinha de vida. Foi assim que o número sete, em suas infinidades fez mexer com as estruturas de um ser humano qualquer que um dia desses saiu por ai e se encantou, por uma pessoa, por um número e mais que tudo, pelo que a vida lhe deu e dá e dará...



[1] As 7 Virtudes Cardeais da Ordem Demolay

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