Quando olhei para trás, vi
que um sujeito vinha. Não em minha direção, mas caminhava na mesma direção que
eu ia. Calçada pequena, mas as pessoas para desviar umas das outras, descem das
calçadas, atravessam as ruas, fazem qualquer malabarismo para que um esbarrão
não aconteça, só que ele, o que via que vinha na mesma direção que eu ia, não
desviou, encostando-se a mim, parte do seu corpo ao meu corpo, bem, teu braço
no meu braço. Seu braço forte a meu braço magro, fininho. Nos seus braços,
agora os dois, depois da ultrapassada que me fez, vi tatuagens, escritas em sânscritos
ou algo do gênero, algo que não sei dizer o que significava e nem que consiga
desenhar, mas que se ver, saberei de quem é.
O que me chamou mais a
atenção, não foi o fato de ele ter essas tatuagens nos braços e nem por ele ter
um corpo definido, aliás, ele estava sem camiseta, com uma mochila dessas que
ciclistas geralmente levam em suas corridas em mãos e também não foi isso que
me despertou de um torpor qualquer no centro dessa cidade chata e rabugenta.
Teve algo a ver com tatuagem, mas não eram as dos braços e sim um número “7”
nas costas, próximo a nuca e eu tentei, ainda tento entender os motivos do 7. Por
que um 7? Que significa um número 7 tem na vida de alguém? Enfim, ainda estou
divagando todas as possíveis respostas dentro de mim e fora o fato dele não ter
desviado e encostado em mim, esse número “7” também me chamou muita a atenção.
Ele podia ter se virado a
mim quando encostou e ter pedido desculpas, mas não virou. Vai ver ele nem
percebeu que tocou em mim ou se percebeu, não se importou, pois dentro de ti
também poderiam estar milhares de pensamentos a cerca de alguma coisa que fosse
mais importante que o simples esbarrar em alguém por aí que ele nem sabe quem é
e que nunca mais verá novamente por aí, mas ele tinha tatuagens, entre ela um
número 7 próximo à nuca, uma mochilinha na mão e usava boné, não pra trás e nem
pra frente, meio de lado, um jeito dele de usar um acessório e acho que ele não
tinha cabelo, era careca e eu também estou usando boné pelo fato de estar
deixando meu cabelo crescer um pouco para ver o que farei daqui uns meses, mas
era isso.
Sei que fiquei
pensativo. Um sete que marcou. Um toque que revelou a existência de um espaço
que não foi respeitado, mas que mesmo assim, não foi uma invasão ao qual não
estamos dispostos a dar uma brecha na nossa historinha de vida. Foi assim que o
número sete, em suas infinidades fez mexer com as estruturas de um ser humano
qualquer que um dia desses saiu por ai e se encantou, por uma pessoa, por um
número e mais que tudo, pelo que a vida lhe deu e dá e dará...
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