Olho no celular,
ainda é madrugada. Sinto sua falta aqui comigo. De um jeito muito estranho, teu
cheiro ainda está aqui no meu edredom, no travesseiro, na cama toda. Teu cheiro
está por todas as partes e tua figura não sai da minha cabeça. Por alguns
momentos abri e fechei os olhos violentamente para ter certeza de que estava
acordado e principalmente para saber que tudo foi verdade. O que você disse
ainda está guardado, como pedra atirada. O que eu disse, sei que também está
aí, guardada em alguma parte de seu inconsciente.
Penso em te ligar,
mas já são quase três da manhã e se estiver dormindo, o seu celular estará
desligado. Se eu te ligasse e te deixasse uma mensagem na caixa postal? Você
pode não ouvir. E se eu te mandasse um torpedo? Você pode nem abrir para ler.
Estou pensando em sair agora, ir até a sua casa. Mas seu pai vai sair puto da
vida e vai me esculhambar. O que eu faço?
Bebo até cair de bêbado? Drogo-me até cair de drogado? Penso em você e
permanece nessa posição estupida de que fiz a coisa toda errada? Esse é o nosso
grande problema: um fica achando que o outro fez toda a merda sozinhos, mas
não. Os dois cagaram e pisaram em cima, não satisfeitos, jogaram cada qual suas
merdas sobre o outro, como desculpas, como desavenças, como arrogâncias e um
ciúmes estupido.
Olha eu aqui,
escrevendo o que estou sentindo, o que estou querendo dizer, o que estou
pensando. A ideia de escrever veio de você e nunca fiz, mas hoje senti essa
necessidade. De uma forma ou de outra, preciso, sinto a necessidade de colocar
para fora todas as coisas não ditas, todas s frases interrompidas, todas as
estupidez - suas e minhas - no papel, como se assim me livrasse desse monstro
que o relacionamento nos transformou. Talvez sejam escritos que eu nunca terei
coragem de mostrar a alguém, inclusive a você, mas também não vou rasgar ou
queimar. Guardarei como se fosse um antídoto e todas as vezes que precisar,
voltarei depois do ponto final e escrever.
Agora já passam das
quatro e o sono não vem e a vontade de ir correndo pra sua casa é maior que
toda a vontade que já tive no mundo. Talvez você não queira mais me ver, mas eu
quero; pode ser que você pense ou sonhe com outro nesse momento, mas penso em
você; talvez você mude de time, mas eu quero mudar por você. Pode ser que a
gente não volte, mas eu não estou disposto a desistir assim tão prontamente.
Talvez você queira um tempo, mas eu já tive o tempo que precisava para ter
certeza que é você que eu quero, na saúde ou na doença; na riqueza ou na
pobreza e até que a morte nos separe. Pode ser que essas letras meramente
clichês nunca chegam a serem lidas por você, pode ser que eu esteja com um sono
na alma e por isso escrevo coisas diferentes das que eu disse; talvez o que me
falou não encontrou terra fértil dentro do meu coração, talvez, talvez...
Bem, pode ser que
faltem ainda palavras a serem escritas ou ditas, mas já é quase dia. Preciso
tomar um banho e ir pra academia. Depois cumprir a sina do dia e quem sabe mais
tarde, eu tenha a coragem que me falta para pode ir até sua casa ou no mínimo
te ligar. Talvez eu volte a escrever esses trechos da madrugada, ou
simplesmente eu as deixe por aí, numa gaveta qualquer a fim de juntar mofo e
traças, devorando assim, minha ideia sobre você e eu juntos...
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