3 de setembro de 2013

Quatro e Quinze

Perguntei pelo nome dela, isso devia ter sido por volta das vinte e três horas e não disse, não quis dizer, me deixou no vácuo e foi em direção ao balcão do bar. Vi quando pegou um copo com uma dose de vodca e depois, sumiu e eu ali, parado, na minha, observando os que estavam presentes, ainda era cedo e ainda havia pouca gente.

Depois de mais ou menos uma hora e meia, a garota que saiu com um copo de vodca na mão voltou, mas já não vestia sua jaqueta jeans azul desbotado. Vestia somente uma camiseta clássica do Ramones. Meio punk, meio hippie, totalmente transtornada e novamente, quando se aproximou de mim, perguntei seu nome e ela com o dedo na boca, propondo um silêncio, colocou o dedo na minha boca, fazendo-me calar. Deu uma risada e voltou novamente para o balcão do bar. Simulou uma dança para ao atendente, riram e eu continuei somente observando de longe e sem me misturar, naquele momento, havia umas vinte pessoas a mais do que quando eu havia chegado.

As duas mesas de bilhar existente naquele lugar estavam repletas de ninfetas afins e punheteiros, todos lá cheirando a néctar de placenta e um tipo de bossalismo juvenil.

Decidi andar, rodar o bar que não era grande, mas que propunha em outro canto, um pouco mais de diversão. No outro galpão, biscates mais velhas e um monte de marmanjo bancando o otário aquelas mulheres descompromissadas, perdidas da noite.

Mulheres, ou tem os homens todos nas mãos, ou simplesmente os tem todos a seus pés. E aqueles estavam todos, afins, de sexo, de volúpia, de embebedar e levar alguma vadia pra casa, para o motel, para o banco de trás do carro do amigo que supostamente poderia estar comendo alguém em um canto qualquer.

Duas horas depois, depois de subir e descer escadas, passar repetidas vezes pelos mesmos lugares e corredores, de ter sido cantado por adolescentes e gays presentes, encontro de novo à garota, só que diferente: seus olhos ardiam. Pareciam chamas e incendiou a minha percepção. Veio em minha direção. Já não lembrava como se andava naquele salto, veio cambaleando e se jogou em meus braços, mas não tive tempo de poder colocar os braços em sua frente e então foi pro chão. O piso sujo foi quem serviu de consolo àquela bêbada. Então rapidamente levantei-a, mas melhor seria ter deixado ela caída e ter ficado ali com ela. A garota era magra, mas pesava. Bêbados, independente do peso físico, pesam mais que qualquer coisa quando estão assim, propriamente bêbados.

Perguntei seu nome e ela desmaiou num sono profundo. Em seguida, um amigo da garota se aproximou, agradeceu pelo cuidado que tive, pegou ela no colo e saiu. Não soube seu nome. Não me diverti aquela noite. Nem bebi e nem usei qualquer tipo de droga. Voltei para casa uma hora mais cedo, isso é: às quatro e quinze da madrugada.

Kb Marc

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